Título: Acusados teriam sido informados da apuração
Autor: Rangel, Rodrigo ; Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/11/2009, Nacional, p. A4

Em depoimento prestado no último dia 13, o ex-secretário Durval Barbosa relatou em detalhes os sinais de que os investigados, dentre eles o governador José Roberto Arruda, já sabiam que estavam na mira da Polícia Federal. Barbosa declarou que o governador estava pessoalmente empenhado em tentar obter detalhes da investigação. Segundo ele, Arruda teria pedido ao governador de Minas, Aécio Neves, para tentar obter informações com o ministro Fernando Neves, relator do inquérito no Superior Tribunal de Justiça.

Barbosa disse ter ouvido isso do secretário da Casa Civil de Arruda, José Geraldo Maciel, também investigado na Operação Caixa de Pandora. Ele contou que, naquele mesmo dia, fora chamado ao gabinete de Maciel, que lhe relatou ter recebido informações do inquérito. À época a investigação ainda corria em segredo de Justiça, mas Maciel, segundo Barbosa, já tinha o número do procedimento e sabia até que o ministro relator havia determinado quebra de sigilo.

Foi nessa mesma conversa, de acordo com Barbosa, que Maciel relatou a suposta tentativa de Arruda de obter a ajuda de Aécio. Segundo o depoimento, Maciel disse que "o contato com o governador Aécio Neves teria sido feito em razão do (sic) ministro Fernando Gonçalves ser oriundo daquele Estado (Minas Gerais)" e a intenção de Arruda era "obter maiores informações sobre o conteúdo da investigação". Ontem, ao Estado, Aécio negou qualquer interferência: "É um absurdo, não falo com o Fernando Gonçalves há mais de dois anos, metade do tribunal é de mineiros, e soube de tudo pela televisão."

Maciel já tinha procurado Barbosa outras vezes para falar sobre a investigação. Barbosa temia que Maciel, Arruda e os demais investigados descobrissem que ele estava por trás da investigação. Declarou à polícia que temia pela própria vida.

O vazamento da operação para o grupo de Arruda fez com o que o governador pusesse todo o primeiro escalão em alerta, segundo Barbosa. Logo depois, os advogados de Arruda ingressaram no STJ com um pedido para ter acesso aos autos..