Título: Sem políticas repressivas, 40 milhões fumariam
Autor: Cimieri, Fabiana
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/11/2009, Vida&, p. A32

Para especialista, quem continua fumando tem forte dependência

Se o governo não tivesse adotado políticas antifumo, o País teria hoje 40 milhões de fumantes, diz a coordenadora do Centro de Tratamento de Tabagismo do Inca, Cristina Cantarino. "Como o número de fumantes caiu pela metade, quem continua fumando é porque tem alto grau de dependência."

A Pesquisa de Tabagismo do IBGE mostra que a maioria dos fumantes consome em média um maço de cigarros por dia, fuma até 30 minutos após acordar e, apesar de querer parar, não consegue. "Todo fumante é ambivalente", afirma ela, explicando que o tabagismo é uma doença. "Ele pensa que deve parar, mas por outro lado adora fumar". O prazer do cigarro é provocado pela nicotina, que libera dopamina no cérebro. "As campanhas deveriam focar mais os benefícios de parar de fumar", aconselha.

O vício é tão forte que mesmo quem parou deve ficar atento. "Muito ex-fumante acha que não tem problema dar uns tragos e acaba voltando a fumar diariamente." Ela explica que fumantes têm receptores para nicotina no cérebro e uma única tragada é capaz de estimulá-los a quererem mais.