Título: Política de Lula segue linhas do governo FHC
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/11/2009, Economia, p. B18
Para Pascal Lamy, diretor da OMC, a política comercial não muda de um governo para outro
Os interesses da política comercial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguem as mesmas linhas do governo Fernando Henrique Cardoso, segundo a avaliação do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy. Ele ainda garante que, seja qual for o presidente eleito no Brasil em 2010, a posição negociadora do País nos fóruns comerciais também não mudará.
O projeto da OMC é a de concluir a Rodada Doha até o fim de 2010, provavelmente com o nome do novo presidente do Brasil já conhecido. Lamy acredita que as eleições não devem ser obstáculo para a negociação e, ainda que haja alguma mudança tópica, os interesses de médio e longo prazos do Brasil serão os mesmos.
"Não posso comentar as eleições no Brasil, mas um olhar de um especialista indica que a política comercial não mudará", disse Lamy, em um encontro com um pequeno número de jornalistas, entre eles o do Estado. Segundo ele, em países como o Brasil, a política comercial se tornou uma "âncora" que dificilmente é modificada com uma "mudança no mar".
Questionado se então a política de Lula seguiu caminho semelhante à de FHC, Lamy ressaltou: "Claro, a política comercial tem base na estrutura do País e só muda lentamente." Em sua avaliação, a capacidade produtiva do País, seus recursos naturais e obstáculos não mudam com o governo.
A OMC indica que o Brasil viu sua participação no comércio mundial se expandir entre 2000 e 2008. O País respondia por 0,8% das exportações mundiais em 2000. Em 2008, atingiu 1,25%. Nesse período, o Brasil teve uma média de expansão das exportações de 17% ao ano.
A participação do Brasil entre as exportações dos emergentes passou a 3,3%. Mas é apenas o nono maior exportador do grupo. Em oito anos, Pequim passou de 3% do comércio mundial para 9% - 23% de tudo o que os emergentes exportam no planeta vem da China, que deve terminar 2009 como o maior exportador do mundo e o maior centro de produção manufatureira.
No setor de importações, o Brasil representou, no ano passado, 1,1% das compras mundiais. Em 2000, era 0,8%.