Título: Ouro lidera investimentos pelo segundo mês seguido
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2009, Economia, p. B3

Com 15,93% em novembro, metal superou a rentabilidade do Ibovespa, de 8,94% no mês

A possibilidade de uma realização de lucros na bolsa levou o ouro, pelo segundo mês consecutivo, à liderança do ranking de investimentos em novembro. Com valorização de 15,03%, o ouro superou o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), que rendeu 8,94% no período. Desde julho, o Ibovespa mantinha a primeira posição do ranking. Mesmo sem a liderança nos últimos dois meses, o índice já soma 78,55% de valorização - dez vezes mais que os fundos de renda fixa, segundo colocado no ranking, com 7,51%.

Esse rendimento abre perspectiva de uma realização de lucros em breve, que levaria a uma queda na bolsa. Os aplicadores já estariam tentando fugir dessa desvalorização. "A chance de realização aumenta cada vez mais", diz o administrador financeiro Fábio Colombo. Para o educador financeiro Mauro Calil, esse movimento deve ocorrer até o final do ano. "Mas dificilmente a bolsa perde como melhor investimento do ano", aposta.

O clima de incerteza no cenário internacional, com a crise em Dubai, também pode ter estimulado a opção dos investidores na commodity. "Eles estão ressabiados, e o custo de oportunidade do ouro tem valido a pena", diz Colombo.

Além disso, a moeda norte-americana tem perdido espaço no cenário internacional. "Muitos estão saindo do dólar." A ascensão do ouro no ranking, portanto, ocorre mais pela queda dos demais rendimentos no mundo - principalmente o dólar - do que pelo desempenho do rendimento em si.

Apesar do avanço dos últimos dois meses, o metal tem a quinta melhor valorização no acumulado no ano, perdendo para fundos de renda fixa (7,51%), DI (7,26%) e CDB (7,16%), além do Ibovespa, líder absoluto. Segundo os especialistas, a valorização da bolsa segue uma tendência mundial. "Todas as bolsas ligadas a países fornecedores de commodities foram bem. A Bovespa, especialmente, foi uma das melhores", diz o administrador financeiro.

Colombo já aposta, inclusive, na formação de uma bolha nesses mercados. Por isso, orienta os investidores a reduzirem sua exposição nesse tipo de investimento. "Quem entra agora deve ter cautela", recomenda. Ele indica que os aplicadores invistam uma média de 5% de seu patrimônio fixo na bolsa.

Apesar do rendimento pelo menos dez vezes menor, os fundos DI e de renda fixa ainda podem ser boas escolhas, diz Colombo, com rendimento superior ao da taxa de juros mais inflação.