Título: Marca Nossa Caixa tende a desaparecer, afirma Bendine
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2009, Economia, p. B3

Segundo presidente do BB, pesquisas qualitativas indicam que nome do banco federal é mais forte ante a população

Ainda não há uma definição sacramentada, mas a tendência é de que a marca Nossa Caixa desapareça. "Não temos uma decisão final. Por contrato, temos um longo tempo para explorar essa marca, mas pesquisas qualitativas que fizemos nesse período indicam que a marca BB é muito mais forte", afirmou o presidente do Banco do Brasil (BB), Aldemir Bendine.

"A tendência é que, para o futuro, a marca (Nossa Caixa) deva desaparecer e seja totalmente absorvida pelo Banco do Brasil. Mas vamos conviver durante um período com as duas marcas em conjunto."

Segundo Bendine, as operações em São Paulo terão como foco as operações de crédito às pessoas físicas e às micro, pequenas e médias empresas. Para isso, o banco quer ampliar a quantidade de agências no Estado. Hoje, são quase 1.350. "Vamos abrir outras 83 em 2010, sendo 23 delas voltadas para o público de alta renda", disse.

A meta da diretoria é terminar a integração tecnológica da Nossa Caixa com o BB até o fim de 2010. Em dezembro e janeiro, começam os testes para o chamado tombamento das agências da Nossa Caixa - ou seja, o momento a partir do qual as duas instituições funcionarão com o mesmo sistema tecnológico. "O objetivo é tombar de 30 a 40 agências por fim de semana", explicou Bendine.

Algumas mudanças já foram implementadas a partir de março, quando o BB assumiu o comando da Nossa Caixa. "No crédito consignado do BB, 95% da operação é automatizada. Na Nossa Caixa, era o inverso: 90% do processo era manual", exemplificou Bendine.

Desde que o BB assumiu o comando da Nossa Caixa, a carteira de crédito do banco paulista cresceu 40% e os ativos, 20%. No fim de setembro, os empréstimos totais da instituição somavam R$ 19,3 bilhões. De outubro de 2008 a setembro de 2009, a expansão da carteira chegou a 68%, bem acima da média do sistema, que era de 16,9%.

Dan Conrado, executivo que ficará responsável por São Paulo, conta que o BB investirá pesadamente em marketing no Estado. "Vamos falar com São Paulo", disse.

Do ponto de vista financeiro, o Estado de São Paulo tem uma participação no bolo nacional superior à da economia em geral. Estimativas de um respeitado consultor da área aponta que 50% do Produto Interno Bruto (PIB) financeiro é originado no Estado. Considerando o PIB geral, a parcela do Estado está próxima de 35%.

Das 19.523 agências bancárias do Brasil, 3% (ou seja, 6.583) estão em São Paulo, segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). "Nosso objetivo é que São Paulo passe a representar 35% do resultado", disse Bendine, sem revelar qual a fatia hoje.

Para o analista de instituições financeiras da Austin Rating, Luís Miguel Santacreu, uma presença mais forte do BB em São Paulo era uma das poucas falhas da instituição - ao lado da pequena participação no mercado de crédito de automóveis.

"Não poderia o banco que quer ser o maior do País não ser o maior no Estado de São Paulo", afirmou.