Título: Lula evita polêmica: A imagem não fala por si
Autor: Gallucci, Mariângela ; Colon, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/12/2009, Nacional, p. A4
As imagens do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, de integrantes do seu governo e de parlamentares recebendo propina em dinheiro vivo não convenceram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva da culpabilidade dos envolvidos no escândalo. "A imagem não fala por si. O que fala por si é todo o processo de apuração e de investigação", afirmou.
Em entrevista concedida instantes antes de deixar Estoril, em Portugal, onde participou da Cúpula Íbero-Americana, o presidente disse que não cabe ao chefe de Estado se manifestar sobre investigações da Polícia Federal.
Ao ser questionado, o presidente afirmou que não está acompanhando a crise política no Distrito Federal. "Está na esfera da Polícia Federal", insistiu. "O presidente não dá palpite, espera a apuração para depois falar alguma coisa. Vamos aguardar."
Instado a comentar as imagens do empresário Alcyr Collaço, dono de um pequeno jornal em Brasília, escondendo maços de notas de R$ 100 na cueca, Lula evitou polemizar. Foi neste ponto da entrevista que declarou: "A imagem não fala por si."
Em 2005, o PT passou por situação similar, quando José Adalberto Vieira da Silva, dirigente do PT do Ceará e assessor do irmão de José Genoino, então presidente nacional do partido, foi preso tentando embarcar com R$ 200 mil em uma mala e US$ 100 mil na cueca. O escândalo culminou com a renúncia de Genoino do posto.
Para o presidente, caberá à PF esclarecer as circunstâncias dos crimes e à Justiça se pronunciar sobre as responsabilidades.
Lula também lavou as mãos ao afirmar que enviou ao Congresso duas mini-reformas políticas, que poderiam evitar escândalos de corrupção. "Não é o poder Executivo que vota no Congresso. Nós já mandamos uma no ano passado, mandamos outra agora, com sete pontos importantes para serem votados", afirmou, destacando o financiamento público de campanha.
"Eu espero que o Congresso tenha maturidade para compreender que grande parte dos problemas que acontecem com dinheiro é a questão da estruturação partidária no Brasil", afirmou. "Vamos mudar urgentemente e fazer uma reforma política. Ela é condição fundamental para que a gente tente evitar que problemas como este continuem ocorrendo."
Após a entrevista, Lula embarcou para Kiev, capital da Ucrânia, para uma visita de menos de 24 horas.