Título: País terá nº igual de idosos e crianças em 2035
Autor: Werneck, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/12/2009, Vida&, p. A24

Projeção do IBGE mostra envelhecimento rápido; proporção de crianças cairá de 38% em 1980 para 13% em 2050

Em 2035, Brasil terá pela primeira vez a mesma quantidade de idosos (65 anos ou mais) e de crianças (de 0 a 14). Cada grupo representará 15% da população, segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados de 2008, divulgada ontem.

Usado pelo Ministério da Previdência Social como parâmetro na definição do fator previdenciário para o cálculo de aposentadorias, o estudo Tábua de Mortalidade aponta uma esperança de vida de 72 anos, 10 meses e 10 dias para os nascidos em 2008. Em 1998, era de 69 anos, 7 meses, 29 dias.

A expectativa para os que tinham 60 anos em 2008 é de viver mais 21 anos, em média. Para os que tinham 80 anos, são mais 9 anos e 6 meses.

A Tábua mostra que as crianças correspondiam a 38% da população em 1980, proporção que deve cair para 26% neste ano e chegar a 13% em 2050. A participação dos idosos sobe de 4% em 1980 para 6,6% neste ano e atingiria 22,7% em 2050. "Nosso processo de envelhecimento está se dando a passos muito largos, comparativamente ao que ocorreu na Europa e nos EUA", diz Juarez de Castro, gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE. Segundo ele, políticas de previdência e assistência social precisam ser "repensadas".

O chamado Índice de Envelhecimento mostra que em 1980 havia 10 idosos para cada 100 crianças. A relação chegou a 25 para cada 100 crianças em 2008 e, em 2050, o País terá 173 idosos para cada 100 crianças.

O IBGE havia divulgado em 2008 uma estimativa de diminuição da população absoluta a partir de 2038. "Aí estaria consolidado o processo de envelhecimento, que já se verifica em vários países europeus, como Espanha e França, cujas populações ainda não iniciaram um processo de diminuição absoluta por causa da imigração", diz.

A Tábua aponta diferença de 16 anos entre a esperança de vida ao nascer para uma mulher do Distrito Federal (79 anos) e para um homem de Alagoas (63 anos) em 2008. "Isso está relacionado ao desenvolvimento social e econômico, com infraestrutura de saneamento, acesso a serviços de saúde e a qualidade desses serviços", diz Castro. Há diferença também entre os sexos. As mulheres nascidas em 2008 tinham uma esperança de vida de 76 anos, 8 meses e 16 dias. Já os homens, de 69 anos, 1 mês e 10 dias.