Título: Deputados somem da Câmara do DF
Autor: Moraes, Marcelo de ; Gallucci, Mariângela
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/12/2009, Nacional, p. A7

Suspeitos alegam insegurança, após pressão e manifestações Sob pressão de manifestantes e com 9 dos 24 integrantes da Câmara Legislativa envolvidos no escândalo do "mensalão do DEM", os deputados distritais alegaram insegurança para evitar aparecer na Casa. A escolha do novo corregedor para dar prosseguimento ao processo de quebra de decoro por parte de nove parlamentares ficou adiada para a próxima terça-feira.

Cerca de 50 manifestantes, passaram a noite na Câmara. Assim que amanheceu, o número foi crescendo. No início da tarde já havia cerca de 100. Depois de uma reunião com a Mesa Diretora da Casa, o grupo deixou o plenário e se concentrou nas galerias e nos corredores, esperando a eleição do novo corregedor. O atual, Júnior Brunelli (PSC), é um dos que aparecem recebendo dinheiro no esquema do Distrito Federal e lidera a oração pelo bem-estar do ex-secretário de Relações Institucionais do DF Durval Barbosa, que fazia o pagamento - a "oração da propina".

O presidente interino da Casa, Cabo Patrício (PT), chegou a abrir a sessão, para fechá-la em seguida por falta de quórum. "Aos manifestantes que estão na galeria, queria avisar que os parlamentares anunciaram que não vêm à Casa por que não se sentem seguros", disse.

Formado basicamente por estudantes universitários e do ensino médio, os ocupantes da Câmara têm experiência em movimentos desse tipo. Boa parte participou da ocupação da reitoria da Universidade de Brasília, em abril deste ano, que terminou com a saída do então reitor Timothy Mulholland, acusado de desvio de verbas.

Se os estudantes predominaram no manifesto da noite, de dia o grupo foi reforçado por diversos segmentos. Passaram por lá conselheiros tutelares, que protestaram porque o governo não empossa os novos conselhos. Também apareceram policiais militares. Sem uniforme, foram apoiar as manifestações na Casa. "Só não podemos aparecer, porque pode ter represálias, mas queremos a saída do governador", disse um deles, enquanto colegas fardados faziam a segurança do lado de fora.