Título: Advogados buscam saída para adiar desfiliação
Autor: Moraes, Marcelo de
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/12/2009, Nacional, p. A4

Às vésperas da reunião em que o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, deve ser expulso do DEM, os advogados tentam encontrar uma fórmula jurídica para adiar a decisão. Eles argumentam que, mesmo tendo garantido o direito de defesa, uma punição imediata geraria efeitos irreversíveis, mesmo sendo passível de recurso. Confirmada a expulsão, Arruda não poderá disputar as eleições do ano que vem.

A reunião do partido está marcada para quinta-feira. Já na semana passada, a desfiliação de Arruda era dada como certa pelo comando da legenda. Novas denúncias tornaram praticamente impossível a permanência dele no DEM.

Ontem, o Estado revelou que o patrimônio de Arruda cresceu, em sete anos, 1.060%. Nas declarações apresentadas à Justiça Eleitoral, em 2002 e 2006, a soma dos bens do governador não passava de R$ 600 mil. Agora, o patrimônio real da família Arruda, só em imóveis, em Brasília, acumulou um valor de mais de R$ 7 milhões.

O enriquecimento de Arruda chama a atenção, tanto quanto a forma como foram adquiridos os imóveis em Brasília, que fizeram aumentar vertiginosamente o seu patrimônio.

Em pelo menos dois casos, os imóveis foram comprados por terceiros e transferidos para filhos de Arruda. O hábito de registrar imóveis em nome dos parentes fez com que as declarações de bens à Justiça Eleitoral ficassem modestas diante do patrimônio real da família.

As denúncias reforçam a ideia de Arruda de apelar à Justiça para postergar a decisão e, nesse meio tempo, tentar viabilizar a sua permanência no governo. Os advogados devem se reunir hoje para buscar uma alternativa legal para adiar a desfiliação.

Enquanto briga para permanecer na legenda, Arruda se prepara para responder a dois processos de impeachment - apresentados por um advogado e pelo deputado distrital Chico Vigilante (PT) -, já em andamento no Legislativo.