Título: Compra dá novo fôlego a planos do BNDES
Autor: Aragão, Marianna
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2009, Economia, p. B18

A aquisição da Neo Química pela Hypermarcas tranquiliza, pelo menos por enquanto, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco mantém um programa de desenvolvimento do setor, o Profarma, e, desde 2007, tenta estimular a união de laboratórios brasileiros. No entanto, ainda não conseguiu formar um player nacional competitivo.

A Neo Química estava próxima de ser vendida para a multinacional Pfizer, operação que seria semelhante à aquisição da Medley pela Sanofi-Aventis, em abril, que desagradou ao banco. A compra pela Hypermarcas era estimulada pelo BNDES, que vê com bons olhos a expansão da empresa na área de medicamentos, por manter a Neo Química brasileira.

A missão do banco é evitar a desnacionalização do parque farmacêutico, já que o setor é considerado estratégico na política industrial do País. O BNDES tem usado diversas linhas para financiar a ampliação de escala industrial de empresas brasileiras e o investimento em pesquisa e desenvolvimento. Só o Profarma acumula R$ 1,2 bilhão em projetos que representaram R$ 2,4 bilhões em investimentos até outubro. Quase R$ 700 milhões do Profarma foram aplicados em produção. A Neo Química obteve, há um ano, R$ 52,53 milhões para uma planta de sólidos em sua planta de Anápolis (GO).

Para o professor de finanças do FGV Management Domingos Pandeló, o setor farmacêutico brasileiro certamente passará por outras operações de fusão e aquisição. "A consolidação é uma tendência em setores dinâmicos como este e essa indústria ainda tem empresas muito pequenas. A competição hoje não é mais local, é global. As empresas precisam ganhar escala ou podem assinar sua sentença de morte no médio prazo."