Título: Só as universidades salvam o exame
Autor: Stanisci, Carolina; Mazzitelli, Fábio
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2009, Vida&, p. A19

Só as universidades podem salvar o Enem. A nova prova, que tinha a pretensão de substituir os vestibulares no País, só tem sentido se elas disserem que tem sentido. As instituições precisam ser convencidas pelo governo, depois dos erros sucessivos deste ano, de que o ministério está apto em 2010 a assumir o lugar delas na seleção de seus futuros alunos. Em um ano eleitoral e ainda com reitores cheios de argumentos - que vão de fraude a gabarito errado - a tarefa pode ser difícil.

Os estudantes já disseram o que pensam disso tudo: 1,5 milhão deles não apareceram para fazer a prova. Um índice recorde de 37,7%, impensável em qualquer vestibular conceituado. O índice de faltas na 1.ª fase da Fuvest não chega a dois dígitos.

Triste cenário para um exame com tanto potencial de influenciar positivamente as escolas. Em 1998, quando foi criado, muita gente ainda chamava ensino médio de segundo grau. O que se conhecia de avaliação eram testes que exigiam fórmulas, datas, definições.

Só 157 mil alunos fizeram o primeiro exame e foram também as universidades que permitiram que ele tomasse proporções gigantescas. Aos poucos, mais e mais instituições concordaram em usar parte da nota em seus vestibulares. Em 2001, quando um quinto delas já tinha aderido ao Enem, os inscritos passaram de 1,6 milhão. O grande salto veio em 2004, quando 3 milhões se inscreveram porque a nota passou a valer na seleção para bolsas do ProUni. Mais uma vez, foi a intenção de conseguir uma vaga no ensino superior que garantiu o sucesso do Enem.

Por isso, as 25 federais parceiras do exame neste ano precisam continuar e outras tantas vão ter de fazer o mesmo. Com elas, vêm os alunos e, quem sabe, a credibilidade.