Título: Copenhague depende de dois números
Autor: Balazina, Afra; Andrei Netto
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2009, Vida&, p. A18

JORNALISTA

A diferença entre sucesso e fracasso em Copenhague será definida por dois números. O primeiro, em porcentagem de toneladas de carbono, é quanto os países desenvolvidos se comprometerão a reduzir suas emissões de gases do efeito estufa até 2020. O segundo, em bilhões de dólares, é quanto esses mesmos países vão repassar às nações mais pobres como ajuda financeira para promoção do desenvolvimento limpo e adaptação ao impacto das mudanças climáticas.

Sem esses números, Copenhague terá fracassado. Sem uma meta clara - e legalmente vinculante - de redução de emissões por parte dos países ricos, dificilmente haverá pressão política, social e econômica suficiente para colocar em marcha as mudanças radicais que são necessárias para reverter a tendência de aquecimento da atmosfera. Sem ajuda financeira e tecnológica, os países mais atingidos pelas mudanças climáticas - justamente os mais pobres e que emitem menos carbono - dificilmente terão condições de se adaptar a elas. Para muitos, é uma questão de sobrevivência.

Não se trata de favor. A Convenção do Clima atribui claramente essas obrigações aos países ricos. Mas por que em Copenhague? Por que agora? Qual o problema de adiar a decisão para 2010? O mundo não vai acabar nos próximos seis meses nem em um ano. Mas não é todo dia que se consegue mobilizar a opinião pública mundial e reunir 30 mil pessoas, incluindo dezenas de chefes de Estado, dos mais pobres aos mais ricos do mundo, num mesmo lugar, em torno de um mesmo objetivo.

A pressão está posta. Copenhague é o lugar. E o momento é esse. Um fracasso agora seria um tombo do qual as negociações e as expectativas do mundo poderão não se levantar. A primeira fase do Protocolo de Kyoto termina em 2012. Até lá, tudo que for acordado para a segunda fase ainda terá de ser regulamentado e ratificado internamente por cada país. Não há tempo a perder. COMENTÁRIOS Comente tambémTodos os comentários