Título: Construtora reclama de não ter acesso a dados
Autor: Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2009, Nacional, p. A8

Em nota, diz que só "tomou conhecimento" pelo site do Ministério Público

A Construtora Camargo Corrêa reagiu ontem à ofensiva da Procuradoria da República alegando que não teve acesso, até agora, aos dados oficiais dessa etapa da Operação Castelo de Areia. Em nota oficial, a empreiteira destacou que "tomou conhecimento, por meio de comunicado divulgado no site do Ministério Público Federal, da existência de representações feitas por esse órgão solicitando a outras esferas da Justiça a abertura de investigações envolvendo a empresa".

"Mais uma vez nos vemos alvo de acusações públicas sem que tenhamos tido acesso às informações que lhes deram origem e que são parte de processo judicial que corre em segredo de Justiça", protesta a Camargo Corrêa. O texto ressalta que nesse mesmo processo "houve denúncias divulgadas precipitadamente à imprensa que se mostraram infundadas".

"A Camargo Corrêa está convicta da licitude da sua conduta e espera ter acesso a essas informações para que possa fazer sua defesa, direito que constitui base fundamental de um Estado democrático", diz a nota.

"A divulgação é absolutamente precipitada", afirmou o criminalista Celso Villardi, que integra o núcleo de defesa da empreiteira ao lado dos advogados Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça, Arnaldo Malheiros Filho e Dora Cavalcanti. "Mais uma vez não tive acesso (às informações dos autos) e mais uma vez fui comunicado de andamentos processuais pela imprensa."

"Insisto que no início da operação a divulgação de nomes atrelados a questões eleitorais foi absolutamente precipitada e as investigações demonstraram que nenhuma irregularidade havia", declarou.

PERÍCIA

Ele anotou que a Polícia Federal requisitou perícia em todos os documentos apreendidos. "Ao que eu saiba a perícia não foi concluída e mesmo assim o Ministério Público Federal divulga fatos e nomes que não passaram pela apreciação pericial", observou o advogado. "A divulgação de questões processuais pela imprensa está ocorrendo sistematicamente nos últimos dias porque se aproxima o julgamento de habeas corpus que combate todas as ilegalidades perpetradas na Castelo de Areia."

Por meio do habeas corpus a defesa da Camargo Corrêa sustenta que a operação tem base em "decisões ilegais, a partir de denúncia anônima, quebra ilegal de senhas por tempo indeterminado e falta de fundamentação".

A Dersa afirmou que "desconhece por completo" o teor das representações da procuradoria, mas ressaltou que "vai colaborar com as investigações, como sempre ocorre no governo de São Paulo".