Título: PMDB baiano revida e processa Wagner
Autor: Macedo, Fausto; Brandt, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/12/2009, Nacional, p. A10

Governador é acusado de "condescendência criminosa"

O PMDB ingressou com ação contra o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), na Procuradoria-Geral da República, em Brasília. O partido o acusa de "prevaricação" e "condescendência criminosa" no caso da investigação, por parte da Polícia Civil baiana, de um suposto esquema de corrupção na Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba).

A investigação culminou na Operação Expresso, que prendeu 7 pessoas em 24 de novembro, entre elas o ex-diretor executivo do órgão Antônio Lomanto Netto, indicado pelo PMDB ao cargo.

As suspeitas são corrupção na liberação de linhas rodoviárias intermunicipais a empresas de transporte de passageiros. No inquérito entregue à Justiça, o presidente do PMDB baiano, Lúcio Vieira Lima (irmão do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima), é citado entre os envolvidos no esquema. Por isso, o PMDB considera a operação uma manobra para desgastar a legenda - e, consequentemente, enfraquecer a pré-candidatura de Geddel ao governo baiano.

A ação do PMDB contra Wagner foi motivada por uma entrevista do governador a um programa da TV Itapoan (retransmissora da Rede Record), na última quinta-feira. Nela, Wagner admitiu que havia sido alertado sobre a existência de irregularidades na Agerba antes de a investigação ser iniciada, há sete meses. "Chamei todo mundo que estava envolvido e disse: "olha, está chegando no meu ouvido que está tendo problema aí e já disse que não quero isso no governo"", contou o governador. "Depois disso, alguém foi lá e fez uma denúncia e eu não ia dizer para não investigar."

Segundo o texto da ação, Wagner "acabou por confessar ter cometido os delitos tipificados nos artigos 319 (prevaricação) e 320 (condescendência criminosa) do Código Penal Brasileiro". "Se ele sabia antes, por que não mandou investigar logo?", argumenta Geddel. Se a procuradoria acolher a ação, ela será apreciada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

De acordo com os líderes dos partidos, a atitude do PMDB de acionar judicialmente o governo marca o fim de qualquer possibilidade de acordo entre as legendas no Estado. O secretário de Comunicação do governo, Robson Almeida, classificou como "absurda" a ação. "Um governador que determina uma investigação sobre corrupção em seu próprio governo não pode ser acusado de prevaricar", criticou.

O PMDB anuncia ainda que vai criar, até o fim da semana, uma linha de telefone gratuita para que a população denuncie ações irregulares do governo petista na Bahia. Geddel, porém, garante que os atritos entre PMDB e PT no Estado não atrapalham a parceria entre os partidos em nível nacional e sua candidatura ao governo servirá como segundo palanque para a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência.