Título: Há uma farra, ópio dos investigadores
Autor: Colon, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2009, Nacional, p. A4

Presidente do Supremo critica "vazamentos pontuais"

Silvia Amorim e Fausto Macedo

O presidente do STF, Gilmar Mendes, defendeu investigação de denúncias de corrupção e pagamento de propinas a políticos, mas condenou o que classificou de "vazamentos pontuais". Ele criticou autoridades, sem citar nomes, que estariam divulgando informações protegidas por sigilo judicial relativas às Operações Castelo de Areia e Caixa de Pandora. Para ele, há "uma farra" promovida por responsáveis por esse tipo de investigação. "Há uma certa farra, um certo ópio dos investigadores em passar notícia para vocês, mas isso é um desserviço que se faz à causa da Justiça e à democracia."

Sobre as investigações que envolvem o governador José Roberto Arruda, Mendes disse que o Judiciário está agindo corretamente. "O caso é matéria do Superior Tribunal de Justiça, que determinou regras de sigilo e apreensão de documentos, tomando todas as providências."

Indagado sobre a citação ao deputado Michel Temer (PMDB-SP), presidente da Câmara - cujo nome aparece 21 vezes ao lado de US$ 345 mil em planilha da Construtora Camargo Corrêa, alvo da Castelo de Areia -, o ministro enfatizou: "Tem de ter muito cuidado com essa coisa de revelações às vezes pouco consistentes. Às vezes ouvimos nomes de pessoas mencionadas em interceptações e, a partir daí, já saem para conclusões. Eu sou muito crítico dessas revelações em conta-gotas que visam exatamente a provocar esse tipo de situação."

O ministro Gilson Dipp, corregedor nacional de Justiça, disse que episódios como o do "mensalão do DEM" podem "enfraquecer a democracia e a crença no Estado de Direito". "As cenas explícitas de corrupção não só maculam o bom senso como dão exemplo à população de que as práticas democráticas podem ficar muitas vezes abaladas com atitudes desse tipo".