Título: Taleban promete resistência
Autor: Chacra, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/12/2009, Internacional, p. A14

Grupo afirma que novo plano só causará 'mais mortes'

O Taleban criticou ontem o novo plano do presidente dos EUA, Barack Obama, para o Afeganistão, afirmando que o envio de mais 30 mil soldados para a região só causará mais mortes de americanos. O grupo insurgente afirmou, em comunicado que a estratégia de Washington não é uma "solução" para os problemas do Afeganistão. Segundo o Taleban, o plano ainda é uma "oportunidade" para aumentar os ataques e "sacudir" a economia americana.

Os insurgentes ainda prometeram aumentar a resistência e lutar contra o reforço que será enviado ao país. "Obama irá testemunhar muitos caixões chegando à América do Afeganistão", afirmou Qari Yousuf Ahamdi, um porta-voz do grupo. "O desejo deles de controlar o Afeganistão por meios militares não se tornará realidade."

O porta-voz afirmou que as tropas extras provocarão "lutas mais fortes" e ainda fez uma previsão de uma "retirada vergonhosa" das forças estrangeiras do país.

Por outro lado, o governo afegão saudou o anúncio de Obama, em especial a data estabelecida para a retirada de tropas do país. "A República Islâmica do Afeganistão considera o cronograma para a redução das forças americanas uma oportunidade para crescer no setor de segurança do Afeganistão e uma oportunidade para a autossuficiência", disse o presidente afegão, Hamid Karzai.

Davood Moradian, conselheiro do Ministério de Relações Exteriores afegão, também comemorou o anúncio, mas pediu cautela na hora de fazer comparações entre a situação de seu país e outros conflitos com os quais os EUA já se envolveram. "Estamos muito contentes e apoiamos a análise do presidente Obama de que o Afeganistão não é o Vietnã. Mas eu acho que o Afeganistão também não é o Iraque, então precisamos ter muito cuidado sobre isso também."

APOIO DE FORA

O premiê da Grã-Bretanha, Gordon Brown, que na terça-feira confirmou o envio de mais 500 soldados para o Afeganistão, pediu para que outros aliados também apoiem a iniciativa de Obama. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, também elogiou o plano de Obama, mas evitou se comprometer a enviar mais militares para o país.

Já a Polônia afirmou que reforçará seu contingente no Afeganistão no próximo ano com "provavelmente" mais 600 militares.