Título: Petrobrás vai perfurar perto do poço de Iara
Autor: Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/12/2009, Economia, p. B13
Objetivo é encontrar os 5 bilhões de barris que receberá na capitalização
A Petrobrás vai mirar em possíveis reservatórios contíguos ao da descoberta de Iara, no pré-sal da Bacia de Santos, para tentar encontrar os 5 bilhões de barris que vai receber da União no processo de cessão onerosa da sua capitalização, prevista no novo marco regulatório em trâmite no Congresso.
A perfuração começa na segunda quinzena de dezembro e a estatal vai arcar com os riscos e custos da operação, em vez de ficarem com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), como havia sido dito no início.
O diretor financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa, disse que essa opção não tem impacto nenhum nos caixas da companhia. Cada poço a ser perfurado nessas áreas deve ficar na média de outros na região do pré-sal, na casa dos US$ 60 milhões.
"Por se tratar de perfuração em área que pode conter a continuidade de um reservatório da Petrobrás é que esses custos têm de ser bancados pela empresa, e não pela União. É interesse da Petrobrás", justificou Barbassa.
Fontes próximas à ANP afirmam, no entanto, que repassar esses custos à Petrobrás, em vez de contratá-la para a perfuração, foi uma opção para evitar uma licitação, que atrasaria o processo.
A ideia de perfurar em área vizinha a Iara para encontrar reservatórios contíguos às descobertas já feitas vinha sendo comentada desde o anúncio do marco regulatório, mas chegou a ser deixada de lado com a proposta da ANP de tentar encontrar um reservatório isolado que não tivesse ligação com as áreas já descobertas.
Na área de Iara, operada pela Petrobrás, com 65% de participação, em parceria com a BG (25%) e a Galp (10%), já foram localizados entre 2 bilhões e 4 bilhões de barris de petróleo, com perspectivas de início de produção em 2013.
Há fortes indícios, porém, de que a área de Iara ultrapasse os limites de concessão e invade outras áreas ainda sob o comando do governo federal, o que exigiria uma unitização, ou seja, um acordo para exploração conjunta.
Como o governo pretende ceder onerosamente sua parcela no reservatório para a Petrobrás, é ela quem vai gerir a totalidade da reserva, caso sejam confirmadas as expectativas.