Título: Com Casas Bahia, Pão de Açúcar fica igual a Walmart e Carrefour juntos
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/12/2009, Economia, p. B1

Operação cria gigante de varejo de alimentos, móveis e eletroeletrônicos, com faturamento de R$ 40 bi por ano

O Grupo Pão de Açúcar anunciou ontem a compra do controle das Casas Bahia, criando um gigante de varejo de alimentos, móveis e eletroeletrônicos, com um faturamento combinado de R$ 40 bilhões por ano. O Pão de Açúcar é a terceira maior empresa privada do País. Com a fusão, o grupo passa a ter vendas iguais às do Walmart e do Carrefour juntos, seus principais concorrentes. A notícia foi antecipada pela colunista Sonia Racy, no portal do Estado e na Rádio Eldorado.

Pelo acordo, as Casas Bahia serão sócias do Pão de Açúcar numa nova empresa de móveis e eletroeletrônicos, que inclui o Extra Eletro e o Ponto Frio, adquirido em junho. Terá faturamento anual de R$ 18,5 bilhões, 1.015 lojas físicas, espalhadas por 337 municípios, 28 centros de distribuição e 62 mil funcionários. Ficará 6 vezes maior que a sua principal rival no mercado de eletroeletrônicos e móveis, a Magazine Luiza.

O Pão de Açúcar ficará com 51% do capital e as Casas Bahia, com 49%. A nova companhia deverá começar a operar em 120 dias, depois da aprovação da assembleia de acionistas e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

"Vi uma oportunidade de continuar crescendo com a venda de não-alimentos", disse o presidente do conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar, Abílio Diniz. Em junho, o grupo comprou o Ponto Frio e se tornou vice-líder do varejo de móveis e eletrodomésticos.

Mesmo assim, o grupo ainda ficou muito restrito aos consumidores das classes A e B, que é o público do Ponto Frio. Com o acordo de ontem, a empresa passa a atingir as camadas de menor renda. "Senti muita inveja quando vi que as Casas Bahia tinham aberto loja na favela de Paraisópolis", disse Diniz.

Michael Klein, diretor executivo das Casas Bahia e presidente do conselho de administração da nova empresa, frisou que não se trata de venda, mas de nova sociedade. "O meu CNPJ continua das Casas Bahia", brincou. Na nova sociedade, Klein colocou o equivalente a R$ 1,29 bilhão.

Essa cifra inclui 25% da fábrica de móveis Bartira, contrato de fornecimento de móveis por três anos a preço de custo, contrato de locação dos imóveis de dez anos, renovado por mais dez anos, de cerca de R$ 130 milhões, e um dívida de R$ 950 milhões de curto prazo. Ficaram de fora os imóveis da antiga Casas Bahia, 75% da fábrica Bartira e recebíveis de R$ 1 bilhão.

"Colocamos o Ponto Frio inteiro, que vale R$ 1,23 bilhão, e as 40 lojas do Extra Eletro, avaliadas em R$ 120 milhões", diz o diretor financeiro do Pão de Açúcar, Enéas Pestana. Esses ativos totalizam R$ 1,35 bilhão. O valor corresponde a 51% da nova empresa, que é a participação do Grupo Pão de Açúcar. No comércio eletrônico, o Pão de Açúcar ficou com 83% e as Casas Bahia, com 17%.

Durante a auditoria para embasar o negócio, foi apurado que há sinergias de R$ 2 bilhões entre as empresas. Segundo Diniz, a sobreposição de lojas é pequena. Ele não teme que o negócio seja barrado no Cade. "Ponto Frio e Casas Bahia têm menos de 20% do mercado."