Título: Palocci também retoma plano de concorrer em SP
Autor: Oliveira, Clarissa
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/12/2009, Nacional, p. A10

Além do ex-ministro da Fazenda, que tentou conseguir do Planalto aval para articulação, Fernando Haddad mobiliza aliados em busca de apoio

O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci seguiu a mesma linha de outros petistas em São Paulo e retomou as articulações para a corrida estadual do ano que vem. Palocci, que vem mantendo uma postura discreta quando o assunto é a eleição, procurou o Palácio do Planalto recentemente, em busca de um aval para iniciar a montagem de uma candidatura ao Palácio dos Bandeirantes.

O ex-ministro, que meses atrás era o favorito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a vaga, perdeu o posto para o deputado Ciro Gomes (PSB). Num esforço para viabilizar uma eleição plebiscitária entre a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), e o candidato do PSDB - o governador paulista José Serra ou o mineiro Aécio Neves - Lula convidou Ciro a disputar o governo de São Paulo. Mas a demora do deputado em se mostrar interessado tem levado petistas a retomarem nos bastidores as discussões sobre uma candidatura própria.

Na conversa que teve em Brasília, Palocci ouviu o mesmo recado que vem sendo repassado ao PT: não é ruim que o partido esteja preparado para lançar um candidato, mas a prioridade total ainda é convencer Ciro a desistir da disputa presidencial. Também ficou acertado que, provavelmente, nada será decidido antes de março.

Palocci tem dito ao PT que gostaria de disputar, apesar de evitar se colocar abertamente para a base da sigla como candidato. Ainda assim, ele deixou claro, numa reunião com dirigentes da sigla, que não tem intenção de ser "candidato por W.O.". Disse querer tempo para construir a candidatura e afirmou que não vai se lançar em cima da hora, por falta de opção. Por outro lado, ele também se comprometeu a não criar obstáculo ao projeto Ciro.

Palocci não foi o único a retomar a articulação. Não tão bem colocado na lista de favoritos para o posto, o ministro da Educação, Fernando Haddad, até liberou aliados para colherem assinaturas de apoio ao seu nome. Em outubro, o PT paulista anunciou que aceitaria o registro de pré-candidaturas, desde que os interessados conseguissem o apoio de 1% dos filiados no Estado. A ideia era apenas afastar a imagem de que o partido se tornou refém de Ciro. Haddad decidiu levar a sério a convocação.

Aliados afirmam que não sabem ao certo quantas assinaturas já foram obtidas, mas dizem acreditar que talvez seja possível alcançar os quase 3 mil endossos necessários neste fim de semana. "Estamos correndo para dar continuidade a esse trabalho", disse o deputado estadual Simão Pedro (PT), escalado para a tarefa. Por enquanto, as expectativas estão voltadas para a realização da nova prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), neste fim de semana. O vazamento da prova, revelado pelo Estado, atrapalhou as articulações do ministro. "Se tudo correr bem na prova, como esperamos, acho provável que nós ampliemos a agenda política no Estado."