Título: Casos recentes complicam PT, PSDB e DEM
Autor: Monteiro, Tânia ; Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/12/2009, Nacional, p. A4
Ao enviar o projeto anticorrupção ao Congresso, o presidente Lula deve estar preparado para "cortar a própria carne", promessa que fez no dia 8 de junho de 2005, em meio ao caso do mensalão. Diversos petistas - sobretudo os citados naquele escândalo -, dirigentes de órgãos federais, como a Funasa, e políticos aliados são citados em investigações recentes por esse mesmo crime.
O ex-ministro José Dirceu, os deputados petistas José Genoino e João Paulo, além do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, são réus no processo do mensalão, que deve ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2011. Há 40 réus e mais de 500 testemunhas, incluindo Lula. São apontados cinco crimes, incluindo corrupção ativa e passiva.
Um dos personagens mais citados, porém, é o publicitário Marcos Valério, que estaria por trás do mensalão tucano - criado na campanha de Eduardo Azeredo (hoje senador, réu por peculato e lavagem de dinheiro) ao governo de Minas, em 1998 - e do mensalão petista. Neste mês, ele foi citado em vídeo do "mensalão do DEM". Um deputado diz ter fraudado licitação para favorecê-lo.
O mineiro foi preso em outubro de 2008, na Operação Avalanche, acusado de tentar subornar delegados. Saiu em janeiro, mas continua réu. Outros acusados, porém, já se livraram dos processos. Há dois meses, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou denúncia contra desembargadores do TRF da 3ª Região (SP), alvo da Operação Têmis, por venda de sentenças. Eram acusados de corrupção passiva e outros crimes.
Condenação recente por corrupção só do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Há um ano, o juiz Fausto De Sanctis - que o mandou para a cadeia duas vezes - aplicou-lhe pena de 10 anos de prisão e multa de R$ 12 milhões. O ex-presidente da Brasil Telecom Humberto Braz recebeu pena de sete anos de prisão e multa de R$ 1,5 milhão. Eles respondem em liberdade.
A Operação Fumaça revelou, no mês passado, fraudes na Fundação Nacional da Saúde. Não era segredo - o ministro José Gomes Temporão já disse com todas as letras que ali é um "foco de corrupção". Guaracy Aguiar, irmão do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Ubiratan Aguiar, é investigado.