Título: Desde os tempos de Pero Vaz de Caminha
Autor: Monteiro, Tânia ; Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/12/2009, Nacional, p. A4

Ministro faz histórico da corrupção O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, aproveitou seu discurso de improviso na solenidade pelo Dia Internacional contra a Corrupção para fazer um histórico sobre como ela se instalou no País.

Começou lembrando a carta de Pero Vaz Caminha, que pediu um emprego para um parente, e fez uma reconstituição dos episódios de corrupção que marcaram os últimos anos. Seguiu pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor e pela crise do Orçamento no Congresso (CPI dos Anões). Quando chegou nos últimos governos, Mendes, para evitar constranger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e também não citar o governador José Roberto Arruda, chamou os mensalões de "episódios graves de corrupção política que aconteceram aqui e acolá".

O ministro anunciou que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai aprovar a criação do Siafi do Poder Judiciário, para dar transparência às contas e permitir a uniformização e unificação das despesas dos tribunais.

Ao citar os "graves problemas" do Judiciário, ele exemplificou com o que está acontecendo em Alagoas. "A Justiça criminal estava em colapso e crimes que teriam de ser julgados por júri popular estavam prestes a prescrever", disse o presidente do STF e do CNJ. O governador tucano de Alagoas, Teotônio Vilella, foi o único governador a aparecer nos quase 30 depoimentos exibidos pelo ministro da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, falando contra a corrupção.

Para Mendes, em Alagoas "o Estado de Direito não existe", há quatro mil homicídios sem inquérito aberto. Por isso, ele acrescentou, é que os crimes de mando são tão comuns no Estado.