Título: Série sobre atos secretos dá Prêmio Esso ao Estado
Autor: Paulino, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/12/2009, Nacional, p. A10
Rosa Costa, Leandro Colon e Rodrigo Rangel foram contemplados na categoria 'Reportagem'
O Estado conquistou o Prêmio Esso de Reportagem de 2009 com a série sobre os atos secretos no Senado, dos repórteres Rosa Costa, Leandro Colon e Rodrigo Rangel. O Esso é a mais importante premiação do jornalismo brasileiro. As reportagens revelaram que mais de 500 atos administrativos foram assinados pela cúpula do Senado e entraram em vigor sem que fossem devidamente publicados nos boletins da Casa.
Confira as reportagens premiadas e o especial sobre o caso no endereço
Os atos secretos foram utilizados para nomear e promover servidores, entre eles parentes de parlamentares e diretores do Senado, além de distribuir e ampliar outras benesses, como plano de saúde vitalício.
O Esso de Reportagem foi o 11º prêmio recebido pelo Estado em 2009. O Esso de Jornalismo foi para o Jornal do Commercio, de Recife, com Os Sertões. Criado em 1955, o Esso é o mais tradicional prêmio de jornalismo do Brasil.
Ao receber o prêmio, anteontem à noite, Rosa Costa criticou a censura sofrida pelo Estado em razão de liminar concedida pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal, em ação movida por Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Desde 31 de julho, o jornal está proibido de publicar dados sobre a investigação da Polícia Federal acerca dos negócios do empresários. "Dedico (o prêmio) ao nosso jornal, que está censurado. Espero que isso acabe de uma vez. O mínimo que se pode falar é que é uma indecência."
Ainda na fase de seleção das reportagens, os jurados aprovaram uma nota de repúdio à censura. "A Comissão de Seleção dos trabalhos concorrentes ao Prêmio Esso de Jornalismo vem manifestar o seu repúdio, protesto e preocupação com a censura judicial imposta ao jornal O Estado de S. Paulo, por ter este noticiado a trajetória e os negócios do filho do ex-presidente da República e presidente do Senado, José Sarney. Não se trata de reivindicar imunidade nem de considerar a imprensa acima da lei, mas de apontar uma aplicação distorcida dos princípios legais para evitar que fatos em apuração pela Polícia Federal sejam tornados públicos", diz a nota divulgada anteontem, na premiação do Esso. "Tal prática tem sido usada com frequência para manter privilégios e ocultar métodos pouco claros de gestão do bem público, muitas vezes confundido e tratado como se privado fosse. Tal pressão é ainda muito forte, principalmente, em pequenos jornais, muitas vezes submetidos a processos e sentenças indenizatórias que chegam a inviabilizar a sua existência."
Os ganhadores em cada categoria foram: jornalismo - Jornal do Commercio, de Recife, com Os Sertões; reportagem - Estado; fotografia - Jornal do Commercio, de Recife, com Exilados da Fome; informação econômica - Correio Braziliense com O Brasil que Emergirá da Crise; informação científica, tecnológica e ecológica - Folha de S. Paulo com No Coração da Antártida; primeira página - O Dia por A Faixa Preta Hoje é de Luto; criação gráfica - Jornal do Commercio, de Recife, por Os Sertões e revista Época por Voo Air France 447; interior - A Tribuna de Santos com Caso Alessandra; Regional 1 - Diário de Pernambuco com Quilombola - Os Direitos Negados de um Povo; Regional 2 - Jornal de Santa Catarina com O Maior Desastre Climático do Brasil; Regional 3 - O Globo com Democracia das Favelas; Telejornalismo - SBT com Confronto na Linha Vermelha. Os sites Museu da Corrupção e Congresso em Foco receberam o prêmio de melhor contribuição à imprensa . O primeiro por agrupar casos de corrupção ocorridos desde 1964 e o segundo por ter noticiado desvios no uso de passagens aéreas por parlamentares.