Título: Presidente já se havia manifestado contra véu
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/12/2009, Internacional, p. A16

Em junho, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, também apoiou os parlamentares que pretendiam proibir o uso na França da burca e do chador, os véus com os quais as mulheres muçulmanas se cobrem da cabeça aos pés. Desde então, a proposta, defendida na Assembleia Nacional por um grupo de deputados do governo e da oposição, vem criando controvérsia entre políticos, religiosos e acadêmicos no país. Para Sarkozy, o uso de trajes islâmicos não é uma questão de religião e eles causam desigualdade entre homens e mulheres.

O líder francês também criticou os véus muçulmanos que, na sua opinião, são um sinal de subserviência da mulher. "A burca não é um problema de religião, é um problema de liberdade e igualdade entre os sexos", definiu Sarkozy na época. "Ela não será bem-vinda no território francês." A hostilidade contra as vestes islâmicas é forte na França pois, segundo seus opositores, reduziria a mulher a coadjuvante social, ofendendo a igualdade entre gêneros.

O uso dos véus islâmicos - incluindo a burca - vem se disseminando no país nos últimos 15 anos. O uso da burca e do chador é defendido por movimentos muçulmanos mais radicais. Em 2004, a França já havia mergulhado em um debate semelhante, quando o governo de Jacques Chirac proibiu o uso de símbolos religiosos nas escolas de ensino fundamental e médio.