Título: Campanha para 2º turno deve ser mais agressiva
Autor: Costas, Ruth
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2009, Internacional, p. A11

Objetivo é atrair eleitores do independente Ominami, que prometeu não 'endossar' nenhum candidato

Como há algum tempo as pesquisas já vinham indicando uma vitória do candidato Eduardo Frei, da Concertação, e do direitista Sebastián Piñera, nos últimos dias ambos já afinaram suas estratégias para enfrentar o segundo turno das eleições chilenas. E a perspectiva é que a segunda etapa da campanha seja ainda mais agressiva e polarizada.

O objetivo dos dois rivais é conquistar os votos do candidato Marco Enríquez-Ominami. Independente, ele descartou ontem a possibilidade de apoiar qualquer dos dois candidatos no segundo turno. "A velha política está esperando de mim sinais que não vai receber", disse Ominami, após assegurar que representa os ideais do "novo Chile".

"Não vamos fazer nada para que a direita ganhe, mas a vitória de Frei também seria um retrocesso para o país", explicou ao Estado Álvaro Escobar, porta-voz de Ominami. "Somos de oposição a ambos, mas é claro que nossos eleitores ficarão livres para decidir se querem votar em um ou em outro."

Ominami rompeu com a Concertação para lançar sua candidatura e conseguiu atrair eleitores de esquerda que queriam uma renovação no estilo de liderança para o Chile. Por outro lado, também se tornou um dos mais ferozes críticos da coalizão governista e até o encarregado dos assuntos econômicos de sua campanha, Paul Fontaine, já disse que no segundo turno votará por Piñera.

"Ominami não poderia optar por um ou outro lado porque seu grande capital político é justamente apresentar-se como uma alternativa aos políticos tradicionais - e isso ele perderia se alinhando", diz o cientista político Bernardo Navarrete, professor da Universidade do Chile.

Segundo Ignácio Rivadeneira, coordenador da campanha de Piñera, o candidato será mais explícito em sua mensagem de mudança no segundo turno e está preparado para que Frei faça contra ele uma "guerra suja" na nova etapa da campanha.

BACHELET

Já o candidato da Concertação, segundo seus assessores, tentará colar mais sua imagem à da presidente Michele Bachelet, que, com 85% de aprovação (segundo a corporação Latinobarómetro), é hoje a chefe de governo mais popular da América Latina.

Os cartazes de propaganda da nova etapa da corrida eleitoral já mostram Frei ao lado de Bachelet e diversas autoridades próximas à presidente, como sua porta-voz, Carolina Tohá, pretendem se afastar do governo para se dedicar integralmente à campanha oficial. Outra estratégia que deve ser adotada pelo candidato governista é denunciar a "confusão" feita por Piñera, um empresário bilionário, entre "política e negócios".

Frei deve ganhar automaticamente os votos de Jorge Arrate, do Partido Comunista, o que o ajudará a reduzir a diferença em relação a Piñera. Para Navarrete, a disputa será acirrada. "Eles vão brigar por cerca de 400 mil a 700 mil votos (de um total de 8 milhões de eleitores)."