Título: Siderurgia cresce menos em 2010
Autor: Ciarelli, Mônica ; Rodrigues, Alexandre
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2009, Economia, p. B11
Suspensão de investimentos este ano se reverterá em ocupação mais lenta da capacidade instalada
Os estragos provocados pela crise internacional vão atrasar em até quatro anos os planos do setor siderúrgico de ultrapassar a marca de 60 milhões de toneladas de capacidade instalada no País. É o que aponta um estudo preparado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que será divulgado nas próximas semanas.
O Estado teve acesso a alguns resultados do trabalho, que mostra que o volume de 62 milhões de toneladas ao ano de capacidade instalada, previsto antes da crise para 2012, só ocorrerá em 2016.
Segundo o gerente da área de indústria de base do IBGE, Pedro Sérgio Landim, a crise obrigou muitas companhias a suspender, ao longo de 2009, planos de investimentos, o que vai se traduzir em crescimento mais lento do parque siderúrgico. "Alguns projetos saíram do pipeline (planejamento) definitivamente", afirmou.
O ritmo mais gradual de crescimento deve reduzir também o volume de desembolso do BNDES para o setor. A expectativa é de queda em torno de 20% nas liberações do banco ante 2009, que deve fechar na casa dos R$ 3,5 bilhões. Segundo ele, como 2009 foi um ano de engavetamento de projetos, novos pedidos de financiamento só devem se refletir nas liberações do banco a partir de 2011. "O grosso do investimento já foi feito", disse.
Pelas estimativas do BNDES, as siderúrgicas vão investir R$ 4 bilhões ao longo do ano que vem em projetos de expansão. O levantamento tomou como base informações fornecidas por representantes de siderúrgicas que estiveram no banco na semana passada. O objetivo do encontro, o primeiro desde o início da crise, foi justamente o de analisar as perspectivas para o setor.
RECUPERAÇÃO
Segundo o chefe do Departamento de Indústria de Base do BNDES, Paulo Sérgio Moreira Fonseca, as siderúrgicas estão otimistas com o cenário de recuperação. A previsão do banco é de que a produção registre em 2010 incremento de 20% ante os 27,3 milhões de toneladas produzidos este ano.
No auge da crise, seis dos 14 altos fornos do País foram parados simultaneamente e a produção de aço chegou a cair 37% no primeiro semestre deste ano, na comparação com igual período de 2008. O uso da capacidade instalada chegou a minguar para 47% no início do ano.
"O setor está se recuperando mais rápido do que se esperava. Talvez, no ano que vem, nós vamos conseguir chegar a um nível muito parecido com o registrado antes da crise", previu.
Apesar dessa expansão, Fonseca é cético em relação a um aumento expressivo dos preços dos produtos da cadeia siderúrgica. Para ele, as empresas tendem apenas a recompor suas margens, reajustando os preços caso se confirme a perspectiva de um aumento entre 10% a 20% nos preços do minério de ferro e do carvão, matéria-prima na produção do aço.