Título: Alan Garcia lança volta de Lula em 2014
Autor: Bramatti, Daniel
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/12/2009, Nacional, p. A11

Ao discursar depois, brasileiro diz que colega tem ''defeito grave'' de não comparecer a reuniões da Unasul

Em tom de brincadeira, o presidente do Peru, Alan Garcia, disse ontem, ao receber seu colega Luiz Inácio Lula da Silva, que o brasileiro voltará ao poder nas eleições presidenciais de 2014. Lula, que discursou logo depois, provocou desconforto em seu anfitrião ao afirmar que ele tem "um defeito grave" - o de não comparecer às reuniões da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

"O presidente Lula ficará um ano mais no poder e eu vou ficar 20 meses mais", declarou Garcia, ao falar dos projetos de integração econômica entre Peru e Brasil. "O que nós começamos estou seguro de que será continuado. Ainda que ele, com sua travessa cumplicidade, não me leve a sério, aqui digo que, no ano de 2014, continuará o trabalho que vem fazendo como presidente, porque estou seguro de que o povo brasileiro outra vez vai escolhê-lo."

Antes disso, o peruano havia apresentado Lula como "um paradigma de luta pela justiça e igualdade social, que sabe tratar com respeito todos os países".

Quando o presidente brasileiro discursou, falou da necessidade de incrementar a integração entre os dois países e de promover um "comércio justo". Também declarou que Brasil e Peru podem dar exemplos para outras nações em diversos setores.

COBRANÇA PÚBLICA

Nesse momento, virou-se para o colega e fez uma cobrança pública. "O Alan só tem um defeito, e um defeito muito grave. Ele deveria participar mais das reuniões da Unasul. É importante que você participe mais, para que as suas ideias sejam escutadas por outras pessoas."

A Unasul é uma das iniciativas diplomáticas do Brasil na tentativa de se firmar como líder do continente. A entidade foi lançada em 2004 e é formada por 12 países.

Lula e Garcia assinaram 11 acordos de cooperação e integração. Um deles permite que moradores de cidades fronteiriças possam trabalhar, estudar e receber assistência médica pública nos dois países.

A principal meta das negociações entre os dois presidentes, porém, só deve ser formalizada no primeiro trimestre de 2010 - foi adiado o acordo final para a construção de uma hidrelétrica, no Peru, que fornecerá energia para os dois mercados consumidores.