Título: Zelaya e Lobo se reuniriam no exterior
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Fonte: O Estado de São Paulo, 12/12/2009, Internacional, p. A20

Encontro ocorreria em Santo Domingo; governo de facto de Honduras diz que não recebeu pedido de salvo-conduto

O presidente eleito de Honduras, Porfírio "Pepe" Lobo, e o líder deposto Manuel Zelaya aceitaram se reunir na segunda-feira na República Dominicana para iniciar um diálogo político que permita resolver a crise no país, informou ontem o presidente dominicano, Leonel Fernández.

"Esperamos que com esta decisão não haja nenhuma dificuldade para que o presidente Zelaya possa sair de Honduras e não se estabeleça nenhuma condição nem obstrução por parte do governo de facto para que ele possa viajar para a Costa Rica", disse Fernández.

Segundo o líder dominicano, Zelaya chegaria a Santo Domingo amanhã à noite e Lobo na segunda-feira.

O governo de facto disse que não recebeu nenhuma informação sobre esse encontro nem um pedido de Zelaya ou da República Dominicana pedindo um salvo-conduto para que o presidente deposto deixe o país.

Esta semana, o governo de facto rejeitou o pedido de salvo-conduto apresentado pelas autoridades mexicanas para que Zelaya pudesse ir para o México. O governo do presidente Roberto Micheletti quer que o líder deposto receba asilo de outro país para, assim, ser proibido de dar declarações políticas. Já Zelaya prefere se refugiar na condição de "hóspede".

O presidente deposto agradeceu ontem a Fernández por sua vontade em contribuir para solucionar a crise, provocada pelo golpe de 28 de junho.

EMBAIXADA

Zelaya afirmou que pretende deixar a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa - onde está abrigado há quase três meses - até 27 de janeiro, quando expira seu mandato como líder hondurenho. Durante uma entrevista à TV Globo na noite de quinta-feira, Zelaya disse que pretende sair até mesmo antes da data estipulada, mas ressaltou que ainda não tem um destino definido.

"Devo sair até 27 de janeiro, quando termina meu mandato", afirmou o presidente deposto, por telefone, à rede de TV. "Gostaria de sair o mais rápido possível, logicamente, com o apoio do governo do Brasil."

Zelaya está na embaixada brasileira desde 21 de setembro, quando voltou escondido a Honduras, e seu futuro é incerto, especialmente após o Congresso ter rejeitado sua restituição. Na quinta-feira, o hondurenho afirmou que havia desistido de ir para o México porque o regime de facto do presidente Roberto Micheletti queria "obrigá-lo a renunciar".

Zelaya foi deposto quando tentava realizar uma consulta popular sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte. Segundo seus opositores, a deposição foi constitucional porque a Carta hondurenha proíbe emendas que permitam a reeleição presidencial. Zelaya - aliado do presidente venezuelano, Hugo Chávez - , por seu lado, nega que estivesse buscando um novo mandato.