Título: Paraguai dará última palavra sobre Venezuela
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/12/2009, Nacional, p. A7
Após a aprovação do Senado brasileiro, a integração da Venezuela ao Mercosul depende agora do Paraguai. A decisão está nas mãos dos senadores paraguaios, que devem debater o assunto no ano que vem. Políticos e analistas em Assunção destacam que nunca antes uma decisão de tal magnitude do bloco do Cone-Sul havia ficado em mãos paraguaias.
"As pressões para sua aprovação ou contra ela serão muito fortes nos próximos meses", afirmaram ontem ao Estado fontes parlamentares na capital paraguaia. "Mas esta será uma chance para que o país seja ouvido finalmente no Mercosul", explicaram, em alusão ao pouco peso que o país possui nas decisões do bloco, costumeiramente tomadas pelo Brasil e a Argentina.
A decisão paraguaia não será fácil. As normas do Parlamento indicam que a aprovação de um projeto de lei para a entrada de um novo sócio do Mercosul deve ser por maioria absoluta dos parlamentares, algo que o governo do presidente Fernando Lugo, de centro-esquerda, não possui. Embora sem grande entusiasmo, Lugo é favorável ao ingresso.
O presidente do Senado do Paraguai, Miguel Carrizosa, da oposição, ressaltou ontem que a entrada da Venezuela será vetada pelos senadores paraguaios. "Desculpem os irmãos venezuelanos. Mas, enquanto (o presidente Hugo Chávez) continue nessa atitude intervencionista, não vamos aprovar o ingresso da Venezuela no Mercosul".
Ainda ontem, o chanceler paraguaio Héctor Lacognata declarou que o governo Lugo "gerará uma mesa de conversas com os senadores, de forma que, com consensos, este assunto possa entrar novamente na agenda do dia". Tudo indica que o governo paraguaio não mostrará pressa no debate, já que o chanceler afirmou que o assunto ficará para depois de março, quando conclui o recesso do Parlamento paraguaio.
O chanceler também indicou que o governo não pressionará os parlamentares. "Nossa obrigação, como poder executivo, é a de levar toda a informação necessária. Mas, a decisão final é soberana dos parlamentares".
A Venezuela atualmente é "sócio pleno em estado de adesão". Nos últimos três anos a Argentina e o Uruguai já aprovaram sua entrada como "sócio pleno".