Título: Após crise, TRF elege novo presidente
Autor: Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/12/2009, Nacional, p. A15

Primeira votação havia sido anulada e, desta vez, desembargador Roberto Luiz Ribeiro Haddad venceu disputa

O desembargador Roberto Luiz Ribeiro Haddad foi eleito ontem presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF 3). Ele recebeu 20 votos, contra 17 de sua rival, a desembargadora Suzana Camargo. O desembargador André Nabarrete teve apenas 1 voto. A eleição, que transcorreu sem incidentes, põe fim a um longo período de tensão e incertezas que pairavam sobre a corte, desde que em abril o Supremo Tribunal Federal (STF) - acolhendo reclamação de Suzana -, anulou liminarmente votação em que o desembargador Paulo Otávio Baptista Pereira foi escolhido presidente.

Paulista, Haddad ingressou na Justiça Federal em 23 de fevereiro de 1988. Chegou ao TRF3 em agosto de 1995. Ainda não está marcada a data de sua posse na presidência do maior tribunal federal do País, com 39 desembargadores e jurisdição sobre os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, responsável por mais de 50% das ações em curso na Justiça Federal. Ele se disse "surpreso" com a vitória, que classificou como "triunfo da Justiça, da democracia". Sobre seus planos para os dois anos de mandato disse que vai definir com aliados.

Em 2007, Haddad foi alvo da Operação Têmis, desencadeada conjuntamente pela Procuradoria da República e Polícia Federal para desarticular suposta organização criminosa que favorecia empresas de bingo. Em novembro passado, o Superior Tribunal de Justiça rejeitou denúncia contra o desembargador, inocentando-o das suspeitas lançadas pelo Ministério Público Federal. Na ocasião foi aberta uma ação contra Haddad por posse ilegal de arma - fato que, segundo o STJ, não implica seu afastamento das funções.

Suzana havia contestado a eleição de Baptista Pereira sob argumento de que o desembargador não poderia concorrer ao cargo porque já havia exercido por quatro anos postos de direção na corte. A desembargadora travou episódio polêmico com o juiz Fausto De Sanctis, da Operação Satiagraha - ela teria revelado a Gilmar Mendes, presidente do STF, que ouviu de De Sanctis que o gabinete do ministro havia sido grampeado.

A tese da desembargadora sobre os limites de Baptista Pereira vingou, mas ela não alcançou seu maior objetivo - ser empossada no posto máximo do tribunal. Ficou com a corregedoria-geral do TRF 3 e Nabarrete com a vice-presidência. Deixa a presidência Marli Ferreira, que sem pedir esticou sua gestão por oito meses, tempo que o STF levou para julgar a reclamação de Suzana. Muitos desembargadores comentavam, antes do pleito de ontem, que os eleitores de Pereira iriam votar em Haddad como forma de protesto contra Suzana. Outros avaliam que o apoio a ela está restrito a 17 votos - performance que alcançara na eleição de abril.