Título: Um quarto do PIB se concentra em 5 cidades
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/12/2009, Economia, p. B6

Pesquisa do IBGE, com dados de 2007, mostra que, dos 5.564 municípios brasileiros, apenas 50 respondiam por metade da renda nacional

A economia brasileira permanece concentrada em apenas cinco municípios, que respondem por 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. Pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente a 2007, revela que, dos 5.564 municípios brasileiros, só 50 respondiam por metade da renda produzida no País.

Milhares de cidades têm mais de um terço da economia dependente da administração pública. É um quadro que vem se repetindo ao longo dos últimos anos. "A economia do País está estavelmente concentrada", avalia a coordenadora da pesquisa, Sheila Cristina Zani.

Ela mostrou dados da pesquisa desde 1999 que mostram que em nove anos nada mudou: as cinco principais cidades (São Paulo, Rio, Brasília, Belo Horizonte e Curitiba) concentram um quarto da riqueza do País. Outros cinco municípios - quatro deles no Piauí - participam com 0,0001% da economia nacional.

O PIB per capita não alivia a concentração. Enquanto São Francisco do Conde, na Bahia, tem um PIB per capita de R$ 239.506, o maior do País, o de Jacareacanga, no Pará, não passa de R$ 1.566.

Entre as capitais, enquanto Vitória tem PIB per capita de R$ 60.592, o de Teresina é de R$ 8.341. "Os municípios que estão no topo do ranking têm baixa densidade demográfica", explica Sheila.

Além de população menor, os municípios com o maior PIB per capita também costumam deter pelo menos uma atividade de um segmento que gera muita renda, caso de São Francisco do Conde, onde está a segunda maior refinaria de petróleo do País. Sheila ressalta também que nem sempre a renda gerada no município é apropriada pela população local.

SETOR PÚBLICO

A pesquisa do IBGE revela também que o setor público é crucial para a economia de grande parte dos municípios. Nada menos que 1.881 (34%) têm mais de um terço da economia dependente da administração pública. "A alta dependência do setor público não significa que a estrutura administrativa seja grande, mas não há nenhuma outra atividade importante", explica a coordenadora.

No caso do Brasil como um todo, o peso da administração pública no PIB vem crescendo gradualmente, de 12,6% em 2004 para 13,3% em 2007. Especificamente em 2007, os dois municípios do País cuja economia era mais dependente da administração pública eram Uiramutã (RR), com 80,1%, e Poço Dantas (PB), com 70,2%.

Alguns municípios se destacaram em 2007 pelo forte crescimento de participação no PIB. Alto Horizonte (GO), por exemplo, subiu mais de 3 mil posições, do 4.444º lugar para o 823º, impulsionado pela extração de cobre. A exportação de café garantiu a subida de mais de 2 mil posições a Albertina, em Minas Gerais, que passou do 4.489º para o 2.141º lugar.

O petróleo ajudou alguns municípios, mas foi a razão da derrocada de outros. Campos (RJ) é o maior exemplo: sua fatia no PIB caiu de 1% para 0,8% por causa da queda nos preços do produto.