Título: Gás boliviano deve subir mais 7%
Autor: Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/12/2009, Economia, p. B10

Desta vez, trata-se de correção prevista em contrato

Além do pagamento adicional pelas chamadas "frações líquidas" do gás boliviano, acertada esta semana entre a Petrobrás e a estatal local YPFB, o preço do produto deve subir de novo no início de 2010. Desta vez, trata-se da correção trimestral, prevista em contrato, que acompanha as cotações internacionais do petróleo. Segundo uma fonte do governo, a alta deve ficar em 7%.

Se confirmada, será a segunda alta seguida, depois de três trimestres de queda por causa do recuo do preço do petróleo. Atualmente, diz a fonte, a Petrobrás paga US$ 7 por milhão de BTU (unidade de poder calorífico) do gás da Bolívia. O valor é superior à cotação americana do gás, em torno dos US$ 5,50.

Diferentemente do acordo assinado na segunda-feira, os reajustes trimestrais são repassados ao consumidor. Procurada pelo Estado, a Petrobrás manteve a determinação de não comentar o acordo com a YPFB. Um novo aditivo deve ser assinado hoje, garantindo à Bolívia pelo menos US$ 100 milhões por ano pelas frações líquidas do gás. Em todo tempo de vigência do contrato, o valor supera US$ 1,2 bilhão.

Segundo especialistas, a Petrobrás terá de assumir o prejuízo, caso mantenha a promessa de não repassar a alta ao consumidor. A empresa não tem instalações ao longo do Gasoduto Bolívia-Brasil para separar propano, butano e outras frações do gás. E, mesmo pagando mais, a Petrobrás deverá manter baixos volumes de importação da Bolívia em 2010 - até setembro, as importações foram, em média, de 22,52 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia.

"Dado que os reservatórios (das hidrelétricas) estão cheios, vamos continuar importando o mínimo", avalia Sylvie D"Apote, sócia da consultoria Gas Energy. Ela estima que há hoje capacidade excedente de 40 milhões de m³ de gás por dia no Brasil.