Título: Delegados dizem ter confiado no sistema antifraude do Detran
Autor: Tavares, Bruno ; Godoy, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/12/2009, Metropole, p. C1
Acusados negam envolvimento em esquema de Ferraz de Vasconcelos
Os delegados Juarez Pereira Campos e Fernando José Gomes negaram que tivessem conhecimento das fraudes ocorridas na Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo. Eles, o escrivão Ulisses da Silva Leite e o investigador Johnson Benedito de Paula foram unânimes em afirmar que jamais receberam dinheiro arrecadado pelas autoescolas, conforme mostrariam as interceptações telefônicas feitas pelo Ministério Público Estadual (MPE) e pelas agendas apreendidas na casa do investigador Aparecido da Silva Santos. O delegado Campos ficaria com 25% e Gomes, com 40% do que seria arrecadado.
Em um dos grampos, o delegado Campos conversa com a mulher, dona de autoescola acusada de fraudes, e conta que havia acabado de deixar o prédio do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). "Tá chorando?", pergunta o delegado. Ana responde: "Tô preocupada, né, bem?!" O delegado a tranquiliza. "Não, já tô saindo do Detran, liberou geral." Campos alegou que a conversa se referia a um bloqueio feito pelo sistema de computadores do Detran contra a autoescola de sua mulher. O delegado disse não ter conhecimento sobre os dedos de silicone supostamente encontrados na autoescola para fraudar o sistema do Detran.
O delegado Gomes afirmou que desconhecia o fato de uma mesma senha de acesso ao sistema do Detran ser usada por diversos policiais. Ele disse que não sabia que o escrivão Ulisses assinara vários certificados de aprovação, sem que o candidato a motorista estivesse presente. Ele afirmou que confiava no investigador Aparecido.
O delegado não soube explicar como tudo ocorreu durante sua gestão na Ciretran. "Eu nunca poderia imaginar que isso pudesse acontecer. Primeiramente, porque confiava no sistema antifraude do Detran. Segundo, porque confiava no encarregado Aparecido da Silva Santos. Logo, nunca fui checar os documentos expedidos com os prontuários e as anotações dos livros da Ciretran", disse o delegado, ao depor. B.T. e M.G.