Título: Brasileiros temem sofrer agressões em Tabiki
Autor: Recondo, Felipe ; Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/12/2009, Nacional, p. A4
Um alerta de nova ameaça aos brasileiros foi dado ontem no povoado de Tabiki, na região norte do Suriname. A etnia marron - de quilombolas descendentes de escravos africanos - estaria preparando um ataque a garimpeiros do Brasil que trabalham na extração de ouro na Guiana Francesa. Comerciantes fecharam algumas lojas e liberaram os empregados, temendo que se repetissem os fatos da véspera do Natal, em Albina, que fica a 80 quilômetros dali.
Vários brasileiros contaram ao Estado, por telefone, ter ouvido nas ruas de Tabiki que as agressões poderiam ocorrer a qualquer momento. Natural do Amapá, a empregada doméstica Rita Cardoso foi enfática: "Por favor, estamos com medo que eles façam aqui o que fizeram em Albina. Se isso acontecer, vai morrer muita gente. A polícia está vigiando a gente, mas devia vigiar os marrons. São eles que nos ameaçam."
O paraense João Nascimento, que mora em Paramaribo, capital do país, disse que tem recebido pedidos de ajuda de amigos que moram em Tabiki.
A embaixada do Brasil no Suriname informou ao Estado ter alertado as autoridades daquele país. Um reforço policial com 20 homens foi deslocado para a região, habitada por índios, brasileiros e marrons.
O adido policial José Roberto, da embaixada brasileira, afirmou que a denúncia foi checada com a polícia, que negou qualquer ameaça de novas agressões.
"Isso é absurdo. Em Tabiki, moram mais de mil brasileiros, número superior ao dos próprios surinameses", garantiu Roberto.
PADRE
Ao ser informado de que o padre José Vergílio, diretor da Rádio Katólica, havia mantido contato com Tabiki e confirmado a ameaça de ataque dos marrons, o adido sugeriu que o pastor da igreja evangélica da cidade, caso fosse ouvido, iria apresentar versão contrária à do padre.
Vergílio criticou a posição da embaixada, que segundo ele não está se empenhando em averiguar a real situação dos brasileiros no país. "Liguei para Tabiki e fui informado de que os brasileiros estão apavorados", insistiu.