Título: Novo incidente em Detroit eleva nível de alerta nos EUA
Autor: Chacra, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/12/2009, Internacional, p. A10

Outro nigeriano é detido no mesmo voo; secretária de Segurança diz que não há amplo complô

A secretária de Segurança Interna dos EUA, Janet Napolitano, afirmou ontem que ainda não há provas da ligação entre o nigeriano que tentou explodir um avião em Detroit e a rede terrorista Al-Qaeda, apesar de a possibilidade ainda estar sendo investigada por autoridades americanas. Ela também declarou que não há indícios de que o incidente faz parte de um amplo complô contra os EUA.

No entanto, a polícia federal elevou o nível de alerta ontem após um passageiro, também nigeriano, ser detido no mesmo voo da Northwest Airlines que ia de Amsterdã para Detroit - o trecho do atentado frustrado do dia do Natal. O presidente Barack Obama, em férias no Havaí, ordenou a revisão dos procedimentos de segurança aplicados a potenciais terroristas.

Ontem à tarde, antes de pousar em Detroit, pilotos pediram a presença das forças de segurança na pista depois que um passageiro começou a apresentar um comportamento estranho, além de ficar trancado dentro do banheiro por mais de uma hora. Mas, horas depois, uma porta-voz do FBI disse que não foram encontrados explosivos no avião e o incidente "não foi sério". Aparentemente, o passageiro, cuja identidade não foi revelada, estava passando mal.

Apesar das declarações cautelosas de Napolitano, a deputada democrata, Jane Harman, presidente da comissão de Segurança Interna, afirmou que há "fortes indicações de uma conexão da Al-Qaeda do Iêmen com a tentativa de explodir um avião no espaço aéreo americano" Uma fonte ligada às investigações também disse à rede ABC, que possivelmente a Al-Qaeda no Iêmen ajudou o terrorista nigeriano.

Umar Farouk Abdulmutallab, de 23 anos, que tentou explodir o avião da Northwest Airlines no dia do Natal, diz que recebeu ordens e ajuda de membros da Al-Qaeda no Iêmen. Além disso, um vídeo de um clérigo ligado ao grupo no país árabe havia sido divulgado na internet no dia 21 pedindo ataques contra alvos americanos. Esse líder radical serviu de mentor para o atirador de Fort Hood, no Texas, em novembro.

Em outubro, Nasir al Wuhayshi, líder da Al-Qaeda na Península Arábica, defendeu o uso de explosivos similares ao utilizados pelo nigeriano. A afirmação do terrorista, refugiado no Iêmen, foi divulgada em sites radicais islâmicos na internet

Filho de um importante banqueiro da Nigéria, Abdulmutallab tentou detonar explosivos antes de um avião com mais de 300 pessoas a bordo pousar em Detroit, vindo de Amsterdã. Contido por outros passageiros, ele foi preso após a aterrissagem. Ontem, ele foi liberado do hospital, onde tratava de queimaduras, e levado a uma prisão. Hoje, testemunhará em um tribunal. O Ministério da Informação nigeriano afirmou que o terrorista vivia no exterior e entrou na Nigéria por um dia antes de embarcar de Lagos para a Holanda, onde pegou o avião para os EUA. Segundo o ministério, o pai de Abdulmutallab, que alertou as autoridades sobre os riscos oferecidos pelo filho, está em estado de choque. Em maio, as autoridades britânicas negaram um visto a Abdulmutallah - que se havia formado na Universidade de Londres - após descobrir que o curso que ele disse que faria era falso.

Apesar de estar em uma lista de pessoas ligadas ao terrorismo, que conta com mais de 550 mil nomes, Abdulmutallab viajou sem enfrentar problemas. A questão que ninguém conseguiu responder é como o nigeriano conseguiu superar a segurança nos aeroportos de Lagos e Amsterdã. Ele levava um pacote pequeno com o explosivo em pó e uma seringa com um líquido costurados na cueca.