Título: Instituições ainda não garantem acessibilidade
Autor: Mandelli, Mariana
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/12/2009, Vida&, p. A12

O Brasil tem leis específicas para a educação especial que determinam, até mesmo, os requisitos de acessibilidade que as universidades devem apresentar. Há ainda outras normas que tratam especificamente da língua brasileira de sinais (libras). Apesar disso, algumas instituições não cumprem as regras.

A Universidade Bandeirante (Uniban) é um desses casos. Segundo o Ministério Público Federal, uma aluna com deficiência auditiva da unidade Campo Limpo solicitou, em dezembro de 2008, um intérprete de libras. Como não foi atendida, ela procurou o MPF. A faculdade se comprometeu a providenciar um profissional, mas não o contratou. O caso foi parar na Justiça Federal. Ficou decidido que a Uniban deve, além de contratar o intérprete, propiciar à aluna aulas de reposição e reforço. Caso contrário, haverá multa diária de R$ 1 mil. O juiz espera a Uniban se manifestar sobre o assunto. A instituição foi procurada, mas não respondeu à reportagem.

Em fevereiro, a Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP) firmou acordo com o MPF para a contratação de intérprete, após uma denúncia. A instituição afirma que sempre manteve os profissionais.

Para Natalia Martins, de 24 anos, e Ariane dos Santos, de 22 anos, o diploma do curso de Gestão de Pessoas só vai se concretizar porque elas tiveram o apoio das intérpretes Marilene de Souza, de 47 anos, e Mirian de Oliveira, de 44 anos. As duas, alunas da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, têm deficiência auditiva e, para frequentar as aulas, contam com o suporte das profissionais para traduzir o conteúdo. "É muita responsabilidade, porque temos que interpretar coisas das quais às vezes não temos conhecimento", diz Mirian. "Mas é muito gratificante levar o conhecimento a elas."