Título: Doméstica deixa governador constrangido
Autor: Tosta, Wilson ; Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/12/2009, Nacional, p. A8

O governador Sérgio Cabral passou por um momento de constrangimento durante a entrega das chaves dos apartamentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) construídos no complexo de favelas de Manguinhos. Uma das beneficiadas, a doméstica Angélica Rocha, teve o filho Rafael assassinado em outubro, durante uma operação da Polícia Militar. Ela disse, ao lado de Cabral e do presidente Lula, que estava "ganhando a casa na alegria e na tristeza".

"Meu filho tinha 17 anos e morreu numa covardia dos policiais. Falaram que tinha troca de tiros, mas não teve. Espero pela justiça divina".

Cabral, que atuou como um animado mestre de cerimônias no palco montado em frente ao conjunto de apartamentos (fez piadas, falou gírias e pediu palmas para Lula, "o homem mais popular da história do Brasil" e para a ministra Dilma Rousseff), não respondeu diretamente à denúncia de que a PM matou o rapaz. Disse apenas: "Vamos chegar lá", numa alusão ao esforço de melhorar a relação de sua polícia com as comunidades.

Mais adiante, discursou em favor das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que já conseguiram afastar traficantes armados das ruas de cinco favelas. "Aqui, o processo social completo ainda não se deu. Nós vamos completar todo o processo."