Título: EUA anunciam medidas adicionais de segurança
Autor: Chacra, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/01/2010, Internacional, p. A8

Procedimentos se aproximarão dos utilizados em Israel

A tentativa de atentado contra um avião que aterrissava em Detroit levou os EUA a intensificarem ainda mais a segurança de seus vôos e aeroportos, se aproximando de países como Israel e o Líbano. No domingo, o governo de Barack Obama determinou que pessoas de 14 nacionalidades ou que tenham viajado para estes países passem por revistas obrigatórias antes de embarcarem para cidades americanas. Passageiros de outras regiões do mundo poderão ser revistados aleatoriamente. Outras determinações, como não poder levantar do assento na última hora de vôo, continuam valendo para todos.

Os países escolhidos são majoritariamente islâmicos. A exceção é Cuba. Dentre eles, há os acusados de apoiar o terrorismo internacional pelo Departamento de Estado, como Síria, Irã e Sudão e os cubanos ? todos negam envolvimento com terrorismo. Também foram incluídos aliados militares dos EUA, como Arábia Saudita e Paquistão. Iraquianos e afegãos, sob ocupação militar americana, integram a lista. Os outros países são a Nigéria ? provavelmente porque o terrorista de Detroit era nigeriano ?, Líbia, Argélia, Somália, Líbano e Iêmen. Ficaram de fora Egito, Jordânia e Indonésia, apesar de cidadãos destes países terem participado de atentados terroristas contra interesses americanos nos últimos anos.

Ao chegar aos EUA, no formulário da alfândega, os passageiros precisam escrever os países em que estiveram antes da viagem. Algumas vezes, poderiam ser questionados sobre os motivos de uma visita à Síria, por exemplo. Muçulmanos e árabes, incluindo os americanos, sempre reclamaram do tratamento ? muitas vezes similar ao dispensado aos brasileiros suspeitos de serem imigrantes ilegais ou traficantes de drogas. Mas revistas nunca foram obrigatórias para pessoas por causa da nacionalidade.

Israel e outros países do Oriente Médio adotam políticas parecidas. Em muitos deles, recomenda-se chegar ao aeroporto várias horas antes dos voos para que não se perca o avião em meio a obstáculos de segurança. Os israelenses costumam interrogar pessoas que estiveram em países árabes ou áreas palestinas para saber o que estiveram fazendo nestes locais.

No Líbano e na Síria, os passaportes são inspecionados página por página para verificar se há carimbo israelense. Se houver, a pessoa será automaticamente barrada. Tanto autoridades libanesas como israelenses costumam pedir para ver fotos e vídeos que a pessoa carregue. Uma foto de bases militares libanesas ou de cidades do sul do país encontrada em uma câmera no aeroporto de Beirute certamente trará problemas, já que as autoridades desconfiarão que o passageiro é espião israelense.

Além disso, o grupo Hezbollah mantém agentes no interior do aeroporto que podem pedir para verificar o passaporte ? muitas vezes, o turista nem sequer notará que não se trata de uma autoridade libanesa. Em Amã, pessoas oriundas da América do Sul podem ter as bagagens revistadas. A decisão foi tomada depois de casos de tráfico de drogas envolvendo pessoas vindas destes países.