Título: China supera os EUA como maior destino de exportações
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/01/2010, Economia, p. B1

Brasil registra o primeiro déficit com os EUA desde 1999

A China tomou em 2009 o lugar dos Estados Unidos como principal destino dos produtos brasileiros e, para recuperar esse mercado, o governo brasileiro pretende lançar uma ofensiva comercial em 2010. É que os americanos, ao contrário dos chineses que importam mais alimentos e metais, sempre foram compradores de manufaturados, cuja produção gera mais renda e empregos no País.

Sem vender mais para os EUA e para outros países da América Latina, o Brasil terá dificuldades de expandir as vendas de manufaturados, disse o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral.

No ano passado, o Brasil registrou déficit de US$ 4,5 bilhões no comércio com os EUA - o primeiro desde 1999. O fraco resultado foi compensado pela China. Depois do déficit de US$ 3,6 bilhões em 2008, o País obteve um superávit de US$ 4 bilhões com os chineses em 2009.

A China assumiu a liderança, porque as exportações brasileiras para os EUA caíram 42,4% em 2009, de US$ 27,6 bilhões, em 2008, para US$ 15,7 bilhões. Por outro lado, as exportações para a China aumentaram 23,1%, de US$ 16,4 bilhões para US$ 19,9 bilhões. Agora, as vendas para a China representam 13,1% da pauta brasileira e para os EUA, 10,3%.

A Argentina que era o segundo parceiro em 2008 também perdeu o posto e ficou em 2009 em terceiro lugar, com as exportações recuando de US$ 17,6 bilhões para US$ 12 bilhões.

Os EUA, no entanto, continuaram liderando em 2009 o ranking dos vendedores de produtos ao Brasil. Os dados mostram que US$ 20,2 bilhões das importações brasileiras vieram do mercado norte-americano, e US$ 15,9 bilhões, da China. Os EUA ainda continuam na liderança da corrente de comércio, totalizando US$ 35,9 bilhões. A China ficou em segundo, com US$ 35,8 bilhões.

"Vamos investir muito em 2010 no mercado americano. Os EUA podem voltar a ser o primeiro destino dos produtos brasileiros em 2010", previu o secretário. Ele reclamou do peso dos tributos nas exportações, mas evitou um confronto direto com o Ministério da Fazenda, que resiste a acelerar a desoneração das exportações com a devolução de créditos tributários retidos.

"O Brasil não pode seguir exportando tributação", disse. Sem detalhar, Barral afirmou que o governo vai ampliar o regime de drawback (que dá incentivos à importação de matérias-primas de produtos exportados) e adotar regimes especiais de isenção para alguns setores.

Ele informou que o governo está trabalhando com o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) para evitar acumulação de créditos tributários pelos Estados. No âmbito federal, a Receita quer melhorar a contabilidade dos pedidos de crédito feitos pelos exportadores. Segundo ele, a Receita diz que mais de 40% dos pedidos são irregulares.

Barral reconheceu, no entanto, que o problema de acumulação de crédito só será resolvido com a aprovação da reforma tributária. "Falta reforma tributária. Espero que a reforma tributária seja aprovada no próximo governo."