Título: Caderneta capta mais do que renda fixa e DI
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/01/2010, Economia, p. B3

A captação líquida de R$ 30,4 bilhões da poupança superou largamente a dos fundos DI e de renda fixa em 2009. Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que os fundos de renda fixa ganharam R$ 9,6 bilhões no ano passado, enquanto os DIs perderam R$ 5,2 bilhões. Ambos aplicam em títulos do governo que seguem a evolução da taxa básica de juros (Selic). Em tese, são os maiores concorrentes da poupança.

Levando em conta a indústria de fundos em geral, a captação em 2009 foi superior à da poupança, alcançando R$ 87,6 bilhões. O destaque do ano foram os fundos multimercados (que mesclam ativos de renda fixa, ações e moedas), nos quais os depósitos superaram os saques em R$ 35,6 bilhões.

A vantagem da poupança ante os fundos DI e de renda fixa é explicada, principalmente, pela rentabilidade. Em 2009, a caderneta ganhou 7,74%, ante 8,12% dos fundos de renda fixa e 7,90% dos fundos DI. É a menor diferença desde que o "Estado" começou a elaborar o ranking mensal de investimentos, em 1998. Para se ter uma ideia de comparação, em 1999, a poupança ganhou 16,40%, ante 19,96% dos fundos DI e 20,02% da renda fixa.

A escalada da caderneta é explicada pela queda da Selic para o menor nível da história brasileira (8,75%). Por lei, a caderneta rende no mínimo 6% ao ano (0,5% ao mês mais a evolução da Taxa Referencial). Com o juro básico mais baixo, a rentabilidade dos fundos DI e de renda fixa caiu.

Descontados impostos e a taxa de administração, muitos passaram a perder para a caderneta. Isso motivou uma reação dos bancos, que reduziram as taxas de administração ou diminuíram o valor mínimo para o investidor aplicar em fundos. O governo chegou a anunciar uma mudança na regra de cálculo da poupança, mas desistiu.

"Com a expectativa de alta do juro em 2010, os fundos DI e de renda fixa voltarão a ficar mais competitivos", afirmou o administrador de investimentos Fabio Colombo. Segundo ele, o governo só deve mexer na caderneta quando uma migração dos fundos DI e renda fixa ocorrer. "Vale lembrar que isso não aconteceu nem mesmo em um ano favorável à poupança como 2009.