Título: Prefeito portenho desafia Kirchners
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/01/2010, Internacional, p. A12
Ex-presidente do Boca Juniors, Macri lança candidatura para 2011
O prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, de oposição, decidiu não ficar atrás na largada prematura da corrida eleitoral de 2011 e já anunciou que pretende ser candidato à presidência. Nos últimos dias, o ex-presidente Eduardo Duhalde (2002-2003) e o vice-presidente Julio Cobos também se disseram dispostos a disputar a eleição presidencial.
Macri, líder do partido Proposta Republicana (PRO), de centro-direita, lançou sua candidatura em um discurso desafiador, no qual disse querer disputar a presidência nas urnas contra seu principal inimigo, o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), marido da presidente Cristina Kirchner. Kirchner é considerado o verdadeiro líder do atual governo.
"Enfrentar Kirchner seria um sonho", disse Macri. Segundo informações de bastidores, Kirchner tem intenção de suceder à mulher no poder.
"Ele não poderá jamais vencer em um segundo turno", afirmou Macri.
A expectativa dos assessores do prefeito é que ele consiga o respaldo dos setores conservadores do Partido Justicialista (peronista), insatisfeitos com o casal Kirchner. No entanto, os peronistas dissidentes já estão sendo disputados por Duhalde, além do senador Carlos Reutemann, também cotado como presidenciável.
Diversas pesquisas indicam que a popularidade dos Kirchners é baixa e as chances de uma eventual vitória do casal presidencial nas urnas são mínimas. Em junho, os Kirchners sofreram sua primeira grande derrota ao conseguir nas eleições parlamentares só 30% dos votos em todo o país - o que os levou a perder a maioria no Congresso Nacional. Mas, apesar da vitória, a oposição não conseguiu formar uma frente única contra o governo.
Segundo uma pesquisa da consultoria Aresco publicada ontem pelo jornal Clarín, a aprovação de Cobos é de 51,5% e a de Macri, de 44%. O ex-presidente Duhalde tem 39,6% de popularidade. E Kirchner, 31%.
Há poucos dias, o próprio Duhalde admitiu que será difícil reduzir a vantagem do vice-presidente. "Cobos já ganhou", afirmou ele. Mas, apesar da popularidade, Cobos não conta com o respaldo total de seu partido, a União Cívica Radical (UCR). O deputado Ricardo Alfonsín, filho do falecido ex-presidente Raúl Alfonsín, por exemplo, defende que Cobos deveria renunciar à vice-presidência, argumentando que é uma "anomalia" que permaneça dentro do governo ao qual se opõe.
Macri é filho de Franco Macri, um dos principais empresários argentinos. Mas apesar da inimizade de seu filho com os Kirchners, Franco mantém boas relações com o governo, o qual ocasionalmente elogia, para desespero de seu filho.
Macri trabalhou durante um breve período nos negócios do pai. Mas, segundo rumores, o próprio empresário - supostamente decepcionado - preferiu que seu filho se dedicasse a outras atividades.
Dessa forma, nos anos 90 Macri tornou-se presidente do time de futebol Boca Juniors. A presidência do time mais popular do país lhe serviu de trampolim para fundar um partido e conquistar a prefeitura portenha.