Título: Sem novidades, discurso de Obama decepcionou
Autor: Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/12/2009, Vida&, p. A24
Era um dos discursos mais esperados da conferência, mas a sensação de decepção ficou no ar. Assim que o presidente dos EUA, Barack Obama, saiu do púlpito da plenária de chefes de Estado em Copenhague, na manhã de ontem, recebeu apenas aplausos protocolares. Em vez da esperança de novos esforços para um acordo substancial, deixou impressão de arrogância e lições de moral.
"A América fez sua escolha. Nós definimos nosso curso, firmamos nossos compromissos e faremos o que dissemos. Acredito que é o tempo para as nações e povos do mundo se unirem por um propósito comum", foi uma de suas frases mais fortes. Após classificar como "ambiciosas" as ações e metas americanas, afirmou que os Estados Unidos "continuará nesse curso, não importa o que aconteça em Copenhague".
Claramente dirigido à China, que resiste em aceitar o monitoramento, regulação e verificação de ações de redução de emissões que não sejam pagas por financiamento externo, Obama insistiu na necessidade de fiscalização. "Nós precisamos de um mecanismo para verificar se estamos mantendo nossos compromissos e trocar essa informação de uma forma transparente", cobrou. "Sem isso, qualquer acordo será palavras vazias em uma página."
Após dizer que não tinha vindo a Copenhague "para falar, mas para agir", Obama apenas repetiu a oferta de metas e recursos que os EUA já havia colocado na mesa. Ainda assim, cobrou. "Esse não é um acordo perfeito e nem todos terão tudo o que desejam", disse. "Sabemos os problemas porque temos sido aprisionados por eles durante anos. Mas essa é a situação: nós podemos fazer esse acordo e dar um passo à frente e continuar a refiná-lo e construir sobre essa fundação. Ou podemos, de novo, escolher a postergação, caindo de novo nas mesmas divisões que estiveram em todo o caminho."