Título: Petrobrás fica com custo do gás
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/12/2009, Economia, p. B4
Pagamento extra à Bolívia não será repassado ao preço
A diretora de Gás e Energia da Petrobrás, Graça Foster, disse ontem que não será repassado ao consumidor o pagamento extra pelos componentes associados ao gás natural importado da Bolívia. Conforme antecipou o Estado, a empresa assinou ontem um aditivo ao contrato com a estatal boliviana YPFB no qual se compromete a pagar pelo menos US$ 100 milhões por ano pelas chamadas "frações líquidas" do gás, como propano e butano.
"É uma demonstração de que o Brasil é um país amigo", afirmou o presidente da YPFB, Carlos Villegas Quiroga, em entrevista no Consulado da Bolívia após a assinatura do contrato. A assinatura do contrato foi fechada à imprensa, em mais um sinal de que a Petrobrás não se sente confortável com o acerto - a empresa segue determinação do governo e evitou confirmar o acordo até ontem.
Em entrevista concedida mais cedo, na assinatura de contratos para o desenvolvimento de tecnologia para o pré-sal, Graça frisou que o aditivo também não está relacionado ao aumento de cerca de 7% no preço do gás em janeiro. Esse reajuste, afirmou, refere-se apenas à reavaliação trimestral dos preços com base no valor internacional do gás natural.
Já o termo aditivo é resultado da Ata de Brasília, assinada em fevereiro de 2007 pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Evo Morales, que na época pressionava o Brasil a aumentar o preço do gás natural. Villegas explicou ontem que o pagamento anual será feito até que a Bolívia construa uma planta separadora das frações líquidas em território boliviano, projeto ainda sem prazo definido. A partir daí, a YPFB fica com as frações líquidas para produzir gás de cozinha.
Segundo Graça, o pagamento retroativo a 2007, de US$ 100 milhões, está provisionado e será pago em 30 dias. Os valores relativos a 2008 e 2009 serão pagos posteriormente, dentro de 60 e 90 dias, devendo chegar ao máximo de US$ 180 milhões. Os demais anos, segundo ela, ainda terão a forma de pagamento negociada.
Petrobrás e a britânica BG assinaram com as sócias no pré-sal Repsol e Galp contrato para desenvolver a tecnologia de gás natural liquefeito embarcado (GNLE) para escoar as reservas da Bacia de Santos. A ideia é processar até 14 milhões de metros cúbicos por dia, produzidos nos blocos BM-S-11 (Iara e Tupi) e no BM-S-9 (Carioca e Guará).