Título: Aécio agora comanda a campanha de seu vice
Autor: Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/12/2009, Nacional, p. A7

Governador promete lealdade a Serra, mas não deve buscar novos aliados

Sem pressa para anunciar a candidatura ao Senado nem disposição para entrar na discussão sobre ser candidato a vice na chapa de José Serra, o tucano Aécio Neves se dedica agora a uma despedida em grande estilo do governo de Minas Gerais, que deixará no fim de março. Ao mesmo tempo, assume o comando da campanha de seu vice, Antonio Anastasia, à sua sucessão. No plano nacional, ele vai insistir na tentativa de desconstruir o discurso petista de que os grandes avanços do País aconteceram no governo Lula.

Engajamento na campanha de Serra? Aécio promete lealdade ao PSDB, mas já não tem mais a preocupação de trazer novos aliados, aqueles que hoje oscilam entre a ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT, e o governador de São Paulo.

Em encontro no Rio de Janeiro, no início da semana, Aécio ensaiou o discurso de despedida. "Deixo o governo do Estado feliz com o que fizemos até aqui", disse aos empresários reunidos na Federação das Indústrias do Estado. "A maior alegria que eu tenho é, nos últimos meses do meu governo, demonstrar na prática que governos sérios, com metas, responsáveis e transparentes, podem apresentar resultados sociais expressivos", afirmou o governador mineiro na segunda-feira passada, quando já estava decidido a desistir de disputar a indicação de candidato tucano a presidente da República.

Aécio rejeitou a estratégia do PT de "divisão entre ricos e pobres, entre povo e elite", e apresentou números de seu governo para citar melhoria nos indicadores sociais das áreas mais pobres de Minas, os Vales do Jequitinhonha e Mucuri e o norte do Estado. "Tentaram nos colocar no início do governo como se fôssemos financistas e tecnocratas que falavam em choque de gestão como se pudessem nos contrapor com os que teriam sensibilidade dos problemas sociais. Não há nenhuma ação de maior alcance social do que tratar bem o dinheiro público."

Seja para disputar uma vaga no Senado ou para concorrer à Vice-Presidência - opção que considera quase impossível -, Aécio vai transferir o governo para Anastasia no fim de março e o novo governador disputará no cargo a eleição. Os tucanos mineiros estão satisfeitos com o fato de que um dos principais gargalos da aliança nacional entre PT e PMDB é justamente Minas Gerais, por causa da insistência de petistas e peemedebistas em lançarem candidatura própria ao governo. Aécio pode aproveitar o impasse para se aproximar do ministro das Comunicações, Hélio Costa, que tem planos de se candidatar a governador.

Na avaliação de Aécio, a eleição em Minas é uma "equação complexa" e seu papel será decisivo para ampliar alianças e enfrentar o PT do ministro Patrus Ananias e do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel. Entre os partidos governistas, PSB, PDT e PP são aliados do governador em Minas.