Título: Infraestrutura prevê 10% de alta por ano até 2014
Autor: Landim, Raquel
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/12/2009, Economia, p. B3

Setor espera crescimento contínuo de investimento até R$ 160 bilhões

O setor de infraestrutura projeta um crescimento contínuo de 10% ao ano nos investimentos até 2014, quando devem atingir R$ 160 bilhões, conforme estimativa da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). A previsão considera o estímulo que será provocado pelas obras da Copa do Mundo e da Olimpíada, além dos projetos do pré-sal.

Segundo o presidente da Abdib, Paulo Godoy, os planos para a construção de portos, estradas, usinas e saneamento já foram amplamente discutidos, mas a dificuldade será tirar do papel. "O problema não será dinheiro para financiar, mas a agilidade dos projetos." Ele critica a lentidão para liberar as licenças ambientais, como na Usina de Belo Monte.

As grandes obras e a retomada vigorosa do mercado imobiliário, incentivado pelo programa Minha Casa, Minha Vida, projetam boas perspectivas para a construção civil em 2010 - um item importante da composição da taxa de investimento do País. Segundo Eduardo Zaidan, diretor de economia do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), a expectativa é de alta acima de 8% para o PIB da construção em 2010.

É um resultado melhor que o aumento de 1% deste ano, mas inferior à expansão de 12% verificada em 2008. "Foi um exagero o ano de 2008. Faltou tudo, mão de obra e insumos. Não era harmônico aquilo", disse Zaidan. Ele não acredita que esses problemas devam ocorrer novamente em 2010, porque as indústrias estão investindo para aumentar a produção.

De acordo com o vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (Snic), José Otávio Carneiro de Carvalho, as fabricantes de materiais foram "pegas de surpresa" em 2008, mas agora já estão fazendo investimentos na ampliação da produção.

Além disso, entraram novas empresas no mercado de cimento, como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que iniciou a produção em Volta Redonda em maio deste ano. "O mercado segue em ritmo crescente e o setor precisa investir muito", disse Carvalho.

A consultora da FGV, Ana Castelo, não descarta a possibilidade de falta de mão de obra, pois as perspectivas de crescimento do setor são mais vigorosas que o ritmo de formação de trabalhadores. Ela, no entanto, não acredita em problemas tão graves como os que ocorreram em 2008. Especialista em construção civil, Ana está muito otimista com o setor em 2010. "O quadro que se desenhava na crise era muito negativo. Mas agora mudou tudo."