Título: Embaixador assume na Argentina dia 8
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/12/2009, Economia, p. B4

Enio Cordeiro terá agenda cheia em 2010 no país vizinho

O novo embaixador do Brasil na Argentina, Enio Cordeiro, assume o posto dia 8 e terá agenda repleta em 2010 para tentar ajudar a resolver pendências comerciais entre os dois países. Um dos objetivos é fazer com que o governo de Cristina Kirchner estabeleça prazos máximos às licenças não automáticas, mecanismo adotado por sua administração para limitar a entrada de produtos brasileiros naquela nação.

Um outro tema relevante é reverter os processos antidumping movidos por autoridades portenhas contra produtos como vidros, fio de acrílico e talheres. Em 2004, cerca de 3% das vendas do Brasil para a Argentina estavam envolvidos em algum tipo de contencioso. Esta parcela subiu e está em 14%. "Tal dificuldade se agravou com a crise, pois a corrente comercial entre os dois países baixou de US$ 30 bilhões, em 2008, para algo próximo a US$ 23 bilhões, em 2009", comentou o diplomata.

De acordo com Cordeiro, as licenças não automáticas envolvem mais de 300 produtos, boa parte deles mercadorias que normalmente recebem barreiras de entrada na Argentina, como calçados, móveis e eletrodomésticos da linha branca. Em contrapartida, o governo brasileiro adotou esta prática, a última envolvendo brinquedos.

Segundo o diplomata brasileiro, é importante que a Argentina reduza gradualmente tais imposições e determine prazos máximos de vigência. "Um dos problemas é que estas licenças têm períodos para vigorar que nunca são seguidos. Às vezes devem demorar 60 dias e chegam até seis meses", disse.

Nas palavras do embaixador, o Brasil não vai adotar a postura do confronto com a Argentina. "O importante é preservar a qualidade política do relacionamento. As relações entre os dois países serão incrementadas com mais investimentos de ambas as partes e mais Mercosul", destacou.

Ele disse que ambos os lados precisam ter compreensão com o parceiro, pois cada país tem uma realidade econômica e os seus respectivos setores produtivos têm tradições que devem ser respeitadas.

Indagado pela Agência Estado se o fato de 2010 ser o último ano do governo Lula não causa temor de que a Casa Rosada protele negociações, Cordeiro acredita que a Argentina não deve adotar tal postura. Segundo ele, Brasil e Argentina sempre foram íntegros e o calendário eleitoral nunca atrapalhou o diálogo bilateral.