Título: No sertão, uma romaria para ver o presidente
Autor: Macedo, Fausto ; Kattah, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/01/2010, Nacional, p. A4
Moradores chegavam de toda parte
Eles vieram de longe, chacoalhando de um lado para outro nos ônibus empoeirados ou peruas escolares que as prefeituras do Jequitinhonha providenciaram para recepção ao presidente Lula e à ministra Dilma. A romaria começou às 4 da manhã. Era gente de Chapada do Norte, Jenipapo, Francisco Badaró e outros municípios do Vale: 3 mil convidados fizeram fila de perder de vista. Às 8 horas um sol inclemente já punia a multidão.
Muitos chegavam na carroceria de caminhões, como paus de arara. Houve quem venceu o desafio a pé. Elza Lemos, 29 anos, marchou duas horas, desde a roça de milho e amendoim, puxando pelas mãos os filhos, "que são dois santos, moço": Genilson, de 6 anos, e Geilson, de 4. "Tenho Bolsa-Família", ela dizia, com orgulho. "Eu tiro 112 reais." A barragem que teve início em 1989 parou dois anos depois, mas foi retomada em 2003. "É obra redentora", disse o prefeito Marlio Costa (PDT). "O rio Setúbal ia sumir. Com a barragem renascem nossas esperanças e nossos sonhos." Foi uma festa para não esquecer. Além de roda de dança, a banda do maestro Zé Vieira tocou músicas populares e o Hino Nacional. Às 10h50, o helicóptero de Lula aponta lá no céu azul. A multidão delira, o trombone se manifesta e a banda de Zé Vieira manda um Cisne Branco.