Título: Juiz ouve testemunhas do mensalão petista
Autor: Rangel, Rodrigo
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/01/2010, Nacional, p. A6

Depoimentos foram colhidos por Fausto De Sanctis, a pedido do STF

Três testemunhas de defesa foram ouvidas ontem em São Paulo em uma das ações relacionadas ao caso do mensalão petista. O processo investiga suposto empréstimo do banco BMG ao PT e traz entre os réus o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o publicitário Marcos Valério e o deputado José Genoino (SP). Eles são acusados de falsidade ideológica. Os recursos do financiamento teriam alimentado o caixa 2 do partido.

Os nomes dos depoentes não foram divulgados. Outros cinco depoimentos estão marcados para hoje. Ontem, cinco testemunhas estavam previstas para ser ouvidas, mas uma delas foi dispensada pela defesa e a outra não compareceu. Ela vai depor no dia 4 de fevereiro.

Os depoimentos foram colhidos pelo juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, em cumprimento à Carta de Ordem expedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Acompanhou a audiência o procurador Silvio Luís Martins de Oliveira.

Por conta do foro privilegiado de Genoino, a ação penal tramita no STF. Ela é resultado de uma denúncia do Ministério Público Federal de Minas Gerais. Ao todo, são 11 réus, entre dirigentes do BMG e do PT. Originalmente todos estavam sendo acusados de falsidade ideológica e gestão fraudulenta. Mas, em março do ano passado, Delúbio, Genoino, Marcos Valério e mais quatro réus conseguiram se livrar da acusação desse último crime. O plenário do STF, por 5 votos a 3, entendeu que o crime de gestão fraudulenta somente pode ser imputado aos gestores do banco.

A decisão deu fôlego novo a Delúbio para tentar retornar ao PT, mas, pressionado por emissários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-tesoureiro retirou seu pedido de reintegração ao partido.

A principal ação referente ao mensalão petista, que tem 39 réus e mais de 500 testemunhas, incluindo Lula, também está na fase das oitivas. A previsão é de que o julgamento do processo ocorra somente no próximo ano.