Título: Barbosa confirma que vai depor na CPI da Corrupção
Autor: Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/01/2010, Nacional, p. A7

Para ex-secretário, há "novos fatos" que vão piorar a situação de Arruda

BRASÍLIA Ex-secretário de Relações Institucionais do governo do Distrito Federal, Durval Barbosa avisou seus advogados e a Polícia Federal que não quer usar o direito de ficar calado perante a CPI da Corrupção, aberta na Câmara Legislativa do DF. Ele decidiu não só reafirmar o que sabe sobre o caso conhecido como "mensalão do DEM", desmantelado pela Operação Caixa de Pandora, da PF, como trazer fatos novos que comprometeriam ainda mais governador José Roberto Arruda (sem partido), alvo de pedido de impeachment, e seu vice, Paulo Octávio (DEM).

Foi Barbosa quem fez as gravações em vídeo que mostram Arruda, secretários e deputados recebendo dinheiro suspeito. Ele disse que mostrará em detalhes como o governador "comandava a distribuição de propina" a parlamentares da base aliada e autoridades, ao mesmo tempo em que era beneficiário do esquema. O ex-secretário promete provar que é mesmo de Arruda a letra do manuscrito, intitulado Agenda Resumida 2009, de nomes e valores relacionados ao suposto recebimento de propina pelo governador e pela ONG Fraterna, de sua mulher, Flávia Arruda.

O manuscrito faz parte de um conjunto de documentos apreendidos na casa de Domingos Lamoglia, antigo colaborador de Arruda e, recentemente, nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do DF. Os papéis estão sendo submetidos à perícia do Instituto Nacional de Criminalística, que dará um laudo nos próximos dias.

Ontem, o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, prometeu a representantes da Câmara Legislativa apresentar Barbosa no máximo até a próxima semana, tão logo sejam definidos o local e as condições para que o depoimento transcorra em segurança. Barbosa está sob proteção especial da PF, após acordo de delação premiada. Estiveram com Corrêa os deputados distritais do PT Paulo Tadeu, integrante da CPI e autor do requerimento de convocação de Durval, e Érika Kokay, líder da oposição e defensora do impeachment do governador. Os outros quatro integrantes da CPI não compareceram.

Num dia de trânsito leve, o presidente da comissão, deputado Alírio Neto (PPS), disse ter ficado preso num engarrafamento. O relator, deputado Raimundo Ribeiro (PSDB), alegou ter compromissos pessoais. O partido de Alírio é suspeito de participar do esquema. O PPS nega a acusação. Ribeiro era secretário de Justiça e Cidadania do governo e deixou o cargo após as denúncias.