Título: PMDB se reúne para mostrar que está fechado com Temer
Autor: Pires, Carol ; Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/01/2010, Nacional, p. A6
Na condição de candidato de consenso, ele exibe força política para ser vice de Dilma e esvaziar articulação do Planalto em favor de Meirelles
Empenhado em criar um fato consumado e impor ao Planalto o nome do presidente da Câmara, Michel Temer (SP), como vice na chapa presidencial encabeçada pelo PT, o comando do PMDB se reuniu ontem à noite para mostrar coesão. Em pouco mais de uma hora e vinte minutos, a cúpula partidária decidiu antecipar para 6 de fevereiro o encontro de seu Diretório Nacional, que elegerá a nova Executiva Nacional e servirá para reconduzir Temer à presidência da legenda.
A escolha do novo comando do PMDB estava inicialmente agendada para março, poucos dias antes do término do atual mandato de Temer à frente da sigla. O primeiro a deixar o encontro de ontem, realizado na residência oficial do presidente da Câmara, foi o líder do partido na Casa, Henrique Eduardo Alves (RN). Sem que o jantar sequer tivesse sido servido aos convidados, ele foi incumbido de anunciar à imprensa o teor do encontro. Investiu na tese de que não se tratou do nome que será indicado para compor chapa liderada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Alves observou, porém, que o nome de Temer já estava colocado e que "nada mudou". "Antecipamos em quase um mês a reunião para iniciar o ano eleitoral com o diretório do partido renovado. Queremos deixar claro para a população que o partido está unido", resumiu. Alves afirmou que a discussão sobre a vice-presidência será deixada para junho, mês em que acontecem as convenções partidárias.
O nome endossado pelos principais líderes do PMDB para compor a chapa petista é Temer e os peemedebistas só querem discutir esse assunto com o candidato fortalecido por um novo mandato na presidência do partido.
Preferido do presidente Lula para a vice de Dilma, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, foi convidado, por telefone, pelo próprio Temer. "Não quero deixar margem para que ele pense que estamos fazendo campanha contra ele (para vice)", disse Temer a um interlocutor, justificando o convite.
COSTURA
A agenda da cúpula peemedebista incluiu ainda o acerto dos palanques nos Estados em que PT e PMDB não conseguem se entender. Os dois partidos ainda brigam em Minas, Pará, Bahia, Ceará e Mato Grosso do Sul, onde há dois ou mais postulantes cobiçando o mesmo cargo.
Ainda não há previsão de um novo encontro entre peemedebistas e petistas para dar continuidade à costura do acordo entre as duas siglas. Por isso, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), diz que é importante "tirar o pulso" das líderes estaduais. Só depois de saber quais pré-candidatos estão irredutíveis e quais estão dispostos a possivelmente abrir mão da disputa, o PMDB voltará a conversar com o PT sobre as divergências estaduais.