Título: Deputado da meia usa verba oficial da Câmara do DF para pagar advogado
Autor: Pires, Carol
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/01/2010, Nacional, p. A8

O presidente afastado da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o deputado Leonardo Prudente (sem partido), que foi flagrado em vídeo colocando dinheiro nas meias, usou, entre maio e outubro de 2009, R$ 30 mil da verba indenizatória da Casa para pagar o escritório de advocacia Barbosa e Dias Associados, empresa que hoje o defende das acusações de envolvimento no esquema de corrupção que ficou conhecido como "mensalão do DEM". Prudente tornou-se alvo das investigações em novembro.

As notas fiscais do pagamento estão publicadas no site da Câmara Distrital. Mensalmente, cada deputado distrital pode pedir ressarcimento de até R$ 11.250 se comprovar ter usado o dinheiro com atividades relacionadas à atividade parlamentar, como divulgação do mandato e locomoção dentro do DF. É vetado, porém, contratação de serviços que possam ser prestados pela própria Câmara. No caso de serviços de advocacia, a Procuradoria da Câmara seria a responsável pelo serviço.

O advogado de Prudente, Hermam Barbosa, sócio do escritório Barbosa e Dias, confirma ter um "contrato de partido" com o deputado no valor de R$ 5 mil mensais. Este contrato, explicou, permite ao cliente ter um escritório de advocacia a sua disposição. Segundo Barbosa, seu escritório presta "assessoria e consultoria jurídica para a atividade parlamentar".

O advogado garante ainda que os R$ 30 mil recebidos por ele, os quais Prudente foi ressarcido pela Câmara, não foram usados para defendê-lo no caso da Operação Caixa de Pandora. "Até porque para este caso o valor dos honorários é muito maior", disse.

A assessoria de imprensa do deputado afirma que o uso da verba indenizatória para pagar o escritório de advocacia não é ilegal. "Quando a procuradoria está ocupada, o deputado pode usar, sim. Tanto é que está na prestação de contas do deputado", afirmou a assessora do parlamentar. O advogado endossa a tese de que a Procuradoria da Câmara tem uma estrutura "pequena, que não dá conta de atender todas as demandas dos 24 deputados distritais".